"E agora?" Pergunto depois de longos minutos de silêncio e caricias trocadas.
"Agora o quê?"
"Como vai isto ser? Nós não podemos estar juntos fora desta casa."
"Eu sei." Ele fica tenso e desconfortável debaixo de mim.
"O que foi?"
"Nada." A sua resposta é demasiado fraca para o habitual e questiono-me porquê. "Acho que devíamos sair do chão."
"Provavelmente." Rio levemente e saio de cima do seu peito levantando-me.
"Anda, vamos lanchar no terraço. Está sol." Pega na minha mão e puxa-me para a cozinha.
"Terraço?" Pergunto entusiasmada.
"Sim, no topo do prédio. Tem uma vista linda e é só meu, tal como tu és." Sorri angelicalmente e sinto-me a derreter por dentro. Quase esqueço o drama anterior, mas a nossa discussão continua bem presente na minha memória. "Vai buscar qualquer coisa para vestirmos. Vou preparar o lanche."
"Certo." Corro até ao seu quarto e agarro numa camisa dele e visto-a por cima do meu corpo, assim como umas leggins. Agarro nuns boxers, umas calças de fato de treino e uma t-shirt e levo a roupa até Harry, que logo veste tudo.
Ele leva num carrinho, um bolo, sumo, fruta e mais umas coisas que mal posso esperar por comer, vamos no elevador e rapidamente estamos no terraço descoberto. A vista é realmente linda e há uma mesa no meio do local, ele põe lá uma toalha e senta-se.
"Senta-te no meu colo." Faz sinal para que suba para o seu colo.
"Mas está ali uma cadeira para mim." Rio apontando para a peça de metal ao seu lado.
"Esta é melhor, acredita." Rio mas acabo sentada no seu colo, somo realmente queria. Ele pousa o seu queixo no meu ombro e comemos entre risos e conversas. Parece que não discutimos, que não desapareci e que não tenho um namorado. Raios, o Aiden! E agora? Eu também gosto do Aiden, mas de uma forma diferente, não com a mesma intensidade que gosto do Harry, não sei explicar. O Harry não gosta dele e nunca vai gostar, não depois do que ele viu na festa de pijama e na escola enquanto andávamos de mão dada, por isso nem vale a pena perguntar-lhe o que devo fazer.
"Valentina, tudo o que eu faço, não é para te magoar. E só que... eu sou assim, um idiota."
"Eu sei." Sorrio-lhe. "Mas às vezes magoas-me mesmo."
"Desculpa." Diz ao fim de minutos e encaro-o acabando de engolir a minha terceira fatia de bolo.
"Pelo quê?" Viro-me para ele.
"Por tudo o que fiz e ainda vou fazer." Ele parece nervoso, agitado e impaciente, não é nada normal. Está alguma coisa errada. Antes que lhe possa perguntar o que o atormenta, os seus lábios doces colidem com os meus deixando-me zonza e ainda mais apaixonada por este homem de olhos verdes alma escura.
"Eu não entendo." Murmuro quando nos afastamos.
"Não precisas de entender, só precisas de aceitar as minhas desculpas. Está bem, amor?" Assinto e ele volta a beijar-me. Ele não está definitivamente bem, é como se soubesse que algo que eu não sei, como se fosse a última vez que vamos estar juntos e ele quer à força beijar-me até não conseguir sentir os lábios. Ainda assim, mesmo com a grande dúvida que vai na minha cabeça, beijo-o com todo o amor que tenho para dar, que é pouco mas parece servir-lhe na perfeição.
Depois da hora do jantar, sento-me na sala enquanto Harry vai à casa de banho. O som do intercomunicador soa e levanto-me lentamente indo até lá.
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Valentina
RomansaUma relação proibida numa sociedade pragmática. Uma luta eterna pelo amor.