eleven

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Há horas atrás, quando perguntei a Harry se voltaria a andar, ele apenas me deu um beijo e saiu do quarto em silêncio, deixando-me a chorar sem respostas e pensamentos maus. Várias enfermeiras entravam e saiam verificando tabelas, máquinas e coisas que não entendo nem tento entender. No dia seguinte, o médico veio até aqui e perguntou-me como eu me sentia e se precisava de alguma coisa, permaneci em silêncio e recusei-me a falar até que o Harry voltasse. Mas ele não voltou. Nunca.

Quando a noite caiu, ainda esperava com os olhos postos na porta para que Harry voltasse, quando comecei a ficar cansada, o médico disse-me que eu deveria dormir e preparou tudo para que eu ficasse confortável, o que foi muito prestável da sua parte. Embora devesse dormir, continuei à espera de ouvir os seus passos pesados, o cheiro intenso a colónia masculina e a respiração regulada, mas nada. Absoluto silêncio foi o que se seguiu até às três da manhã. Nessa altura comecei a perder a esperança que ele chegaria e recostei-me a olhar para a janela que deixaram aberta a meu pedido. Uma aragem entrava deixando o ar menos pesado e dissolvia o cheiro a medicamentos que pairava no ar. Quando comecei a ficar sonolenta e demasiado cansada para manter os olhos abertos, vi Harry entrar com um rosto cansado, olheiras escuras debaixo dos olhos e completamente exausto e sem ação. Esforcei-me para sorrir por saber que ele finalmente veio ao fim de um dia, queria falar com ele e abraçá-lo e beijá-lo, mas mal conseguia mexer o corpo com a sonolência da medicação que me deram para dormir mas à qual tenho resistido todas estas horas apenas para o ver.

Harry aproxima-se de mim e beija-me carinhosamente, fazendo-me corar involuntariamente. Passa a mão pelo meu rosto e coloca o meu cabelo atrás da orelha para o afastar do rosto. Desvio-me um pouco na cama e deixo um espaço para que ele se deite perto de mim e me faça esquecer o quão farta estou de aqui permanecer sem me puder mexer. Ele senta-se cuidadosamente inclinado ao meu lado e deixa as suas pernas em cima da cama. Deito a minha cabeça no seu colo e sinto as suas mãos passarem vezes sem conta pelos meus cabelos, tirando todos os nós.

"Tive saudades tuas." Admito ao fim de um bocado.

"Também eu, bebé."

Agarro na sua perna abraçando-a.

"Não me deixes, Harry. Por favor não me deixes." O meu medo de ficar sozinha novamente vem ao de cima. Não ia suportar ser rejeitada outra vez, a dor que sinto cada vez que me lembro de que os meus pais me abandonaram faz-me querer chorar durante horas a fio, o que fiz muitas vezes quando cresci o suficiente para entender que eles nunca mais iam voltar.

"Eu não te vou deixar, Valentina. Nunca." Murmura e beija a minha bochecha.

De manhã, sinto agitação a meu redor, abro os olhos e vejo que Harry dorme profundamente, no quarto estão duas enfermeiras e o médico que mexem nas coisas de forma barulhenta e perturbante.

"Ótimo Valentina, já acordaste!" Sorri-me animado, olha para Harry de relance e abana levemente a cabeça a rir.

"Bom dia, doutor." Digo erguendo um pouco o meu corpo, de modo a ficar na mesma posição que Harry.

"Acho que devíamos acordar o Mr.Styles, não achas?" Encolho os ombros e o doutor avança para ele tocando-lhe no ombro. Harry acorda sobressaltado como se estivesse à espera que algo mau acontecesse assim que ele abrisse os olhos.

"Tenha calma, já sabia que as crianças têm medo de médicos, mas o senhor não acha que é crescido demais para ter?" Goza e rio um pouco tapando a boca com as mãos. Harry olha-me e sorri com o seu adorável ar sonolento.

"Bom dia." Ele cumprimenta o doutor.

"Ótimo dia. E vai ser ainda melhor para o senhor." Sorri e faço figas para que seja o que estou a pensar.

ValentinaOnde histórias criam vida. Descubra agora