músicas:
- Colors - Halsey
- Love Will Remember - Selena Gomez
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Vejo-me no meio das ruas abandonadas que a madrugada escurece ainda mais. Cada som que oiço é mais um tremor que tenho, receio que me apanhem e me levem de novo para lá. Sento-me num banco perto de um parque vazio e fico ali a mirar a lua cheia e a solidão a que já estou a ficar habituada à medida que o tempo passa.
Não durmo há três dias e isso está a começar a afetar-me pois pareço ver Harry em todo o lado, o que é mais um passo para que fique louca. Fecho os olhos lentamente mas de repente a minha boca é tapada e o meu corpo é agarrado. Tento gritar e começo a mexer-me quando me sinto a ser transportada para dentro de um carro. Um outro par de mãos apalpa o meu corpo em busca de, provavelmente, dinheiro.
"Ela não tem nada, meu! Está lisa." Esse homem reclama para o outro que continua a manter a minha boca tapada.
"Então, podíamos divertir-nos um bocado com ela." Olha-me de forma perversa e sinto-me a enjoar.
"Jesus Cristo! Não G, não. Nós roubamos, não violamos!" O outro diz e de certa forma fico mais aliviada. "Vamos levá-la daqui, ela já viu as nossas caras." O homem entra puxa-me para fora e abre a porta traseira da carrinha grande e atira-me para lá, enquanto choro para que me libertem. Fico fechada na caixa e bato nas paredes do mesmo e grito por ajuda. Eu tenho tão pouca sorte, devo ser a pessoa mais azarada de sempre, porquê é que estas coisas só me acontecem a mim. Porquê?
Sinto a carrinha parar e a porta é rapidamente aberta, salto para fora da mesma e olho ao redor vendo que estamos no meio de um descampado onde não há nada, absolutamente nada sem ser plantas.
"Poupaste-nos o trabalho." Ele encolhe os ombros e corre para a carrinha novamente.
"Esperem, não me podem deixar aqui!" Grito e bato no vidro do condutor, mas a carrinha arranca e logo desaparece engolida pela escuridão que me impede de ver o caminho de volta.
Tenho frio, tenho fome, tenho sono, dói me o corpo, dói me a alma, dói me tudo. Deixo-me cair de joelhos no chão quando percebo que isto é um ciclo do qual nunca me vou ver livre, são desgraças atrás de desgraças, tudo me acontece. Não fiz nada de errado para merecer isto. Só queria poder estar junto do homem que amo e ser feliz, mas isso parece ser pedir muito porque apesar de todas as rezas, continuo sozinha, como vou acabar.
Estou farta de chorar, estou farta de sofrer porque não tenho sorte na vida. Eu não vou viver mais assim. Não consigo sobreviver mais assim. Levanto-me e começo a caminhar sem rumo certo, as estrelas são a minha única companhia e a Lua tornou-se na minha melhor amiga nas noites em que os meus gritos afogados não podem abandonar a minha garganta por falta de coragem. Oiço as plantas a remexerem e insetos a fazerem barulhos verdadeiramente assustadores e sinistros, especialmente numa noite tão escura como esta que assusta até o homem mais corajoso. O sol começa a nascer ao fim de horas de caminhada intensiva e paragens para descansar pelo caminho, continuo no meio do nada, devo ter tomado o caminho errado com certeza, porque se estivesse na direção certa já teria encontrado civilização. Onde é que aqueles animais me vieram deixar? O nascer do sol dá-me esperanças de que talvez hoje vá ser um dia melhor e talvez eu o encontre e fiquemos juntos como tenho imaginado mais do que o habitual ultimamente. Quando amanhece sinto-me cansadíssima e sedenta, depois de andar mais uns metros encontro um rio, e por mais errado e perigoso que seja, bebo a água do rio para matar esta sede que aumenta a cada passo que dou. Deito-me perto do leito onde fico a descansar por horas a fio e tento ignorar a fome que me consome lentamente por dentro e que não me deixa dormir. Dispo as minhas roupas e obrigo-me a entra no pequeno rio cheio de água gelada, é um alivio poder sentir-me finalmente livre e limpa depois de duas semanas de tortura física e psicológica onde fui prisioneira da minha própria mente e pesadelos. Subitamente começa a chover, mas deixo-me ficar dentro de água enquanto me molho mais e sentido um alívio inexplicável através de palavras. Pergunto-me se o Harry anda à minha procura, se ele buscou a cidade para ter qualquer tipo de pista sobre mim e chego à conclusão de que se ele soube que desapareci, ele irá revirar o mundo para me encontrar, porque ele ainda me ama, eu sei disso, sinto-o dentro de mim. Quando saio do rio corro até debaixo da árvore onde deixei as roupas e visto-me o mais rápido possível para me aquecer um pouco. Caminho à chuva por entre as plantas que ficam destruídas debaixo dos meus passos pesados e cansado enquanto continuo a minha jornada em busca da civilização e da felicidade que parece nunca chegar.
Não sei quanto tempo passou desde que estou aqui abandonada como um bicho selvagem que deve ter mantido longe das pessoas, mas já vi o sol nascer e pôr-se duas vezes, duas dolorosas vezes onde passei sede e fome. Estou prestes a desistir de procurar algo que não vou encontrar quando o silencioso vento me traz o som que identifico como sendo carros a passar rapidamente. Começo a correr no sentido contrário ao mesmo e choro quando encontro uma estrada com carros a passar constantemente, nunca estive tão feliz por ver uma estrada cheia de poluição e barulho. Aproximo-me da mesma e começo a fazer sinais aos carros que passam a alta velocidade sem me ver, pela estrada fora sempre com o polegar de fora de modo a atrair alguém. Para variar, a sorte não está do meu lado e sento-me na berma da estrada a ver os carros ignorarem deliberadamente a rapariga abandonada na estrada.
Por acaso, passam-se minutos sem nenhum carro passar quando o sol se começa a pôr, parece que vou ficar mais um dia aqui sozinha. Vejo um carro preto ao longe e franzo os olhos para o ver melhor, é igual ao carro de Harry, mas seria demasiada sorte ser o dele. O carro passa por mim particularmente mais rápido do que todos os outros provocando uma onda de vendo que quase me faz cair para trás enquanto vejo-o quase a desparecer na direção do por do sol, o som desafinado de uma travagem abrupta se faz ouvir. Viro-me para ver o veículo a dar uma meia volta perigosa na estrada, onde agora outros carros buzinam, e a acelerar na minha direção, o meu coração bate mais rápido com esperanças e medo ao mesmo tempo, quando o carro para à minha frente e o meu verdadeiro amor sai de dentro do carro quase em movimento solto um grito de alegria e corro até ele que me apanha aflito nos seus braços. Enrolo-me a ele e choro no seu ombro soltando toda as emoções misturadas que me estão a torturar lentamente, a sua respiração está ofegante, o seu peito sobe e desce mil vezes por segundo, enquanto ele me envolve no seu corpo e me aperta contra ele, oiço-o fungar no meu pescoço e agarro a sua face perto da minha, sou incapaz de dizer qualquer coisa por muito que queira, a emoção é tanta que quase me esqueço que tenho que respirar. Ele está igual, apenas com um ar mais cansado, olheiras e traços pesados, está pálido, parece doente.
"Foda-se como tinha saudades tuas" Aí ele beija-me. Os seus lábios abraçam os meus desesperadamente enquanto partilhamos o beijo mais desejado da história dos beijos. Com as testas encostadas passo as minhas mãos no seu cabelo a ofegar e chorar de felicidade num misto de emoções.
"Preciso de ti para viver, não vivo sem ti. Eu amo-te." Digo aflita e abraço-o com força, ele toca no meu pescoço carinhosamente sem diminuir o aperto. Ele está aqui, está mesmo aqui e não é uma miragem nem a minha imaginação a querer enganar-me para que chore mais por não o ter ao meu lado. Este Harry é real e salvou-me deste inferno que ia acabar por me matar.
"Não te vou deixar. Nunca, nunca, nunca mais na minha vida. Amo-te tanto Valentina." Agarra a minha face e beijo-o enquanto rio e choro ao mesmo tempo.
Ele voltou para mim e nunca mais me vai deixar.
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hey hey loves :)
eu sei que está pequeno, mas a verdade é que é o capítulo SOS, como lhe chamo, para não faltar uma atualização diária. Provavelmente só voltarei a atualizar segunda, visto que amanhã (hoje), é o meu aniversário.
Então, sei que isto não tem nada a ver com a história, mas aqui em portugal já é dia 5 de Setembro e na noite passada, ou seja ainda dia 4, eu fui sair com os meus amigos à noite. Quando os meus pais me vieram buscar faltavam 3 minutos para a meia noite e os meus amigos começaram a puxar-me para tirar fotos comigo e a contar os minutos para a meia noite, à estilo celebridade XD, e quando estávamos a passar uma ponte onde estava a haver um espetáculo, um deles gritou "MEIA NOITE" e atirara-se todos para cima de mim para me desejar um feliz aniversário e dar-me um beijinho e um abraço. Foi super engraçado porque toda a gente na ponte começou a rir e dar-me os parabéns, foi demais mesmo.
E é isto, eu estou super feliz, e queria mesmo contar isto a alguém.
Espero que gostem do capítulo, comentem opiniões e sugestões :)
Até segunda,
- Violett
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Valentina
RomanceUma relação proibida numa sociedade pragmática. Uma luta eterna pelo amor.