"Estava só a lembrar-me do quão bonita és." Sorrio com o elogio e bato com as pestanas tentando parecer adorável, mas falho miseravelmente quando sinto o seu beijo a misturar-se com o meu no barulho do silêncio deste quarto de hotel. "Eu amo-te." Sempre que ele o diz sinto que vale a pena viver um pouco mais, que são este tipo de momentos que fazem a vida valer realmente a pena.
"Eu também te amo Harry. Muito mesmo." Sorrio contra a sua boca depois de o dizer.
Ele enrola os seus longos braços a meu redor e aconchego-me no seu peito quente, a dor de barriga continua lá, apenas mais leve. Ele fez-me realmente sentir melhor. É tão bom estar deitada novamente com ele. Porque juntos somos mais fortes, foi o que sempre ouvi dizer e acho que se torna completamente verdade quando encontras alguém que amas e te ajuda a ultrapassar as dificuldades da vida.
"Parabéns Valentina." Murmura e beija a minha testa antes que possa fechar os olhos por estar demasiado cansada destes dois dias intermináveis. E tenho 17 anos, agora.
A meio da noite acordo com frio. Quando abro os olhos olho a meu redor mas não vejo Harry nem nada que indique que ele esteve aqui antes. A cama está demasiado fria. Onde está ele? Levanto-me cuidadosamente e percebo que a minha barriga já não dói, isso é ótimo. Olho as horas e vejo que são cinco da manhã, o sol deve estar quase a nascer aqui. O chão está gelado contra os meus pés quando vou até à casa de banho em busca de Harry. Quando abro a porta, para minha grande surpresa, ele está dentro da banheira com os olhos fechados e cabeça deitada para trás. O ambiente está quente e relaxante, algo que não esperaria de um banho do Harry.
Sorrio matreiramente e dou passos leves e silenciosos até junto dele. Toco suavemente na sua mão e ajoelho-me perto da banheira vendo os cabelos nos seus olhos. Brinco calmamente com os anéis nos seus dedos enquanto vejo o seu corpo nu a desaparecer na espuma branca que está ao longo da toda a banheira.
"Harry..." Chamo-o suavemente mas não responde. Deve estar a dormir. "Harry..." Insisto apertando um pouco a sua mão e subitamente ele abre os olhos alarmado fazendo-me recuar um pouco a minha cara. Quando o seu olhar cai em mim, as suas sobrancelhas franzem-se e sinto a minha mão a ser apertada com demasiada força. "Estás a magoar-me." Digo gemendo um pouco de dor mas não querendo parecer muito séria porque sei que está apenas a brincar.
"Quem és tu?" Todo o meu sorriso cai completamente quando ele me olha, com...raiva? Ele sabe que não gosto destas brincadeiras parvas.
"Harry chega de brincadeiras. Ainda é muito cedo, vamos dormir." Digo tentando soltar a minha mão do seu aperto, mas ele não a larga, pelo contrário, apenas a aperta mais.
"Quem és tu caralho? O que fazes no meu quarto?" Grita e levanta-se deixando ver que está usando boxers, e isso faz-me questionar o porquê.
"Harry para." Sussurro um pouco assustada quando ele solta a minha mão e sai da banheira. Começo a recuar lentamente, pé ante pé para não cair no chão húmido.
"Que merda pensas que és para me chamares Harry?" A sua voz é alta e começo a sentir lágrimas a picarem os meus olhos porque estou muito confusa. A sua expressão é zangada e ele parece não fazer a mínima ideia de quem sou. O que está a acontecer?
"O que se passa? Porque estás a gritar comigo?"
"Sai do meu quarto! Eu não pedi nenhuma puta hoje! Sai!" Ele continua a gritar comigo e dou comigo já a chorar quando corro para fora do nosso quarto de hotel com medo daquela figura bruta e furiosa.
A minha cabeça começa a doer quando sinto o peso o choro a aumentar em mim. Não entendo o que se está a passar. Ele não parecia estar a brincar, mas é impossível que não me reconheça. Será que está bêbado? Ou drogado? Se calhar sou eu. Eu não sei!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Valentina
RomanceUma relação proibida numa sociedade pragmática. Uma luta eterna pelo amor.