-12th-

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Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016.

Há anos atrás, não demasiados mas também não poucos, uma rapariga teve uma paixão platónica por mim, o que fez com que, no dia catorze de Fevereiro de dois mil e cinco a mesma se tivesse aventurado com um cartão decorado em tons de rosa carmim e traços avermelhados, portador de uma mensagem, de entre muitas outras consideradas normais. Penso que foi, pelo menos assumida, a única rapariga que demonstrou algum interesse por mim, ou então pelo meu ar conturbado, calado de uma forma ameaçadora e, talvez, até por algo na minha aparência que induzia a uma nuvem de mistério e intriga.

Jordan era o seu nome. Lembro-me do seu aspecto como se ainda a sua figura estivesse à minha frente. Com os seus cabelos negros e uns olhos enevoados de tons lancinantes de azul adornados por breves reflexos cinzentos, era uma rapariga bastante bonita, não o negaria. Na minha fase crítica de adolescência, na qual a mesma interferiu, a minha mente já era um lugar de extrema revolta e conturbação. Com a chegada da puberdade e dos fenómenos físicos e psicológicos que a mesma implicava, vi a minha mente adquirir capacidades que nunca antes se revelaram. As minhas notas, de tão razoáveis que eram, caíram a pique, deixando-me com nota máxima apenas a matemática e física, para espanto dos demais. Ainda a acrescentar ao meu pacote de mudanças rígidas, acrescento também o facto de ser demasiado isolado para portar algum tipo de amizade além daquele rapaz loiro, no sétimo ano, que partilhou as suas bolachas comigo quando me esqueci do lanche. Ainda assim, tudo parecia mais nítido na minha mente, de uma maneira céptica.

Voltando a Jordan e à sua entrada na minha vida. Foram estes aspectos mencionados, conjugados ainda com factos ocultos, os quais de momento não consigo desvendar de uma maneira coerente, que, ao receber o seu bonito cartão, não fui capaz de lhe retribuir de uma forma aceitável. Afinal, havia demasiadas coisas que nos divergiam, uma delas, a principal até, era a também adolescente extremamente bonita e de lindas relíquias verdes. Ela foi a única que não me abandonou, ainda que fosse apenas visível no meu pensamento todavia, de uma maneira ou de outra, sabia que não a poderia trair e acabei por afastar Jordan, o que foi melhor para ambos, penso. E, tal como todas as adolescentes temperamentais, Jordan deixou-se levar por um outro rapaz que talvez não a merecesse, mas era decerto melhor do que eu, que a deixei mantida na ignorância. Provavelmente, hoje conseguiria falar-lhe e propor-lhe uma boa amizade, todavia, naquela altura, já era demasiado conseguir sair de casa sem ter um ataque de pânico, não mencionado o que se passava por detrás do visível e do conhecido.

Hoje, neste dia caótico e nublado de segunda-feira, algumas horas após o fim do enigmático e simbólico dia de S. Valentim, encontrava-me numa linha ténue entre a calma e o nervosismo. Calma porque, apesar de não estar numa relação, considerava a minha amizade com a pequena habitante da minha mente estável, deixando a falta de afecto camuflada e brevemente esquecida. Nervoso porque, de alguma maneira, tudo parece estar demasiado bem. E, segundo a minha memória que era mais perceptível do que uma base de dados, nada na minha vida, algum dia, esteve completamente bem. Notando aqui que a variável mais alarmante era o envelope, ainda de remetente desconhecido, que atormentava o meu cérebro vezes e vezes sem conta.

Quando avistei o parque de estacionamento da empresa e afastei a sequência de pensamentos que ocuparam o meu percurso de condução matinal, o céu começou a trovejar, iluminando a neblina escura na atmosfera. A chuva dos últimos dias derreteu qualquer vestígio de neve, deixando em branco a hipótese de um novo nevão e ainda não decidi se isso era bom, ou mau. Aprecei-me a retirar todas as minhas coisas, abandonando o veículo e preparando-me para uma nova semana de trabalho, relembrando que deveria falar com Joseph sobre as analises a fazer nos dados que seriam enviados das indústrias asiáticas e europeias e que deverão chegar algures a meio da semana. Ao passar na recessão, ao invés de receber a típica saudação de Abigail, apenas obtive um lugar vazio e um silêncio interrompido pela música ambiente do local. Estranhei a sua ausência, mas decidi ignorar, podendo esta ter-se atrasado, não sendo algo que eu tivesse de comentar. Avancei para a cafetaria, servindo-me de um café duplo, iniciando a minha jornada diária até ao escritório.

-Bom...- Fui travado pela ausência de vida no espaço.- Dia.- Soltei um riso, abanando a minha cabeça negativamente.- Fins-de-semana animados.- Comentei comigo próprio, pela primeira vez espiando a probabilidade do dia dos namorados ser o motivo de ausência ou atraso, tanto da recepcionista simpática como do meu calado e sisudo colega de escritório. Deixei a desconcentração, acabando por chegar à minha secretaria, abandonando a mala ao lado a cadeira giratória e procurando o arquivo que conseguira terminar na passada sexta, antes de ser surpreendido por Victoria. Quando o documento grosso, forrado a um material plástico azul-escuro já se encontrava na minha posse, um pedaço de papel deslizou numa melodia vagarosa pelo ar, revirando-se pela corrente, até alcançar o pavimento. Olhei-o de alto, dobrando os meus joelhos para o albergar na minha mão, ainda que de uma maneira atormentada pela desordem.

O meu corpo retesou quando a ponta dos meus dedos tocaram no pedaço de papel.

-Delírio.

Foi com aquela misera palavra cravada num pedaço de papel arrancado de algum local indefinido, aquelas sete pequenas letras que definem grande parte do meu interior, que tudo em mim se envolveu numa luta infernal, sujeitada ao receio. Tudo o que acontecia era demasiado terrífico. O envelope com todos aqueles documentos e agora isto. Sempre que tentava descodificar o que se passava, as hipóteses eram cruéis, talvez mais cruéis do que alguma vez foram. Os meus esforços pareciam desfazer-se a cada fenómeno que ocorria. A minha vida, há seis meses estabilizada, estava novamente a entrar em demolições, sem que houvesse margem para contestar.

- Foda-se.- Soltei num grito descomunal, num tom mais alto que o esperado, erguendo-me bruscamente com o enigma na minha mão, sendo fortemente pressionado pelos meus dedos retraídos pela raiva. Caminhei, emanando fúria nos meus movimentos, até ao local onde poderia encontrar respostas para isto.- Abigail.- Chamei ao chegar ao balcão da entrada. Porém, ao contrário de quem esperava, encarei uma mulher baixa, ruiva de raízes escuras e sardas espalhadas nas suas feições, acompanhada por uma figura intimidante no local.

-Precisa de ajuda Mr.Tomlinson?- Inquiriu, a sua sobrancelha impecável arqueada num ar severo e rígido.

-Bom dia Mrs.Lee. – Inspirei, controlando a minha gana interior, batalhando contra o olhar austero da presença estritamente profissional.- Precisava de fala com Abigail.

-Abigail não trabalha mais connosco.- Respondeu num tom ausente.

-Perdão?

- Foi como ouviu. De hoje em diante Karen ocupará o seu lugar.- Fitei ambas as mulheres alternadamente, acabando por anuir.

-Seja bem-vinda.- Disse, apresentando-me formalmente em seguida.- Vou regressar ao trabalho.- E assim o fiz, deixando para trás os dois seres.

Olhei para a palavra escrita no papel amarfanhado na minha mão. E depois olhei pelo ombro, para o local que era frequentemente habitado por Abigail. Nada do que estava a acontecer era viável. Algo aqui, não estava certo. E eu sabia que não era apenas um pressentimento.


Gente, amores, não me matem! Serio, eu estive quase num colapso porque não tive tempo para escrever e estava com as palavras a abarrotar na minha cabeça uhg serio -_- But, não se preocupem porque com esta vaga toda, já tenho outro capitulo quase pronto, ou seja, meus unicornios ancestrais, o proximo capitulo não deve chegar com atraso! E vai ser, hum... interessante :3 okay, agora vamos ao que importa.

As gaivotas são assassinos altamente treinados, nunca deixem que uma voz persiga. Elas cagamvos na cabeça, literalmente pahahahhaha okay, não liguem pqp

bem omfg 854 leituras :OOOOOO será que conseguimos chegar às mil em quanto tempo? hum... ahhaha desde que voces gostem do que escrevo, não me importa, nem que tivesse apenas 200., serio, o que voces fazem, os votos, os comentarios é incrivelmente satisfatorio! cada misera leitura, eh pah, serio muito obrigadaaaaa

quanto ás questões, a resposta certa era b) Victoria a caminhar à noite.

Questão de hoje:

Quando o Louis e a Victoria falaram pela primeira vez, a sua conversa foi sobre:

a) A Noite e os seus perigos.

b) Literatura e matemática.

c) Os problemas de cada um.

Eu sou uma boa menina, esta é facil yey ahha okay, isto hoje está um bocado ew porque eu estou cheia de sono e pronto, não estou totalmente no meu melhor mas espero que gostem yey

XxTime

Delirium ➵ L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora