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Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2016.

Dizem que todos nós precisamos de aliviar a dor de alguma maneira, descarregar as nossas frustrações em algo. Eu demorara imenso tempo até encontrar esse algo.

Experimentei o desenho, porém arte não era definitivamente a minha praia.
As letras, embora as admirasse, não faziam de todo a minha personalidade.
O desporto era agradável, mas não era o que eu precisava.

Um dia, eu estava perdido na minha mente. Todas as imagens começavam a formar pequenas nódoas que se iam aglomerando, elevando os meus níveis de atividade a níveis insuportáveis. O meu espirito estava exausto e eu não sabia como aliviar tudo o que eu estava a sentir.
E foi então que, por mero acaso ou obra do destino, a minha escapatória se revelou.
Um simples caderno quadriculado e um livro repleto de operações matemáticas tornaram-se o meu meio de alívio. Ao resolver as imensas contas eu conseguia obter paz, abstrair-me do mundo e deixar de lado todas as minhas fraquezas. A matemática ajudou-me ao longo da minha vida e talvez essa seja a razão para eu ter escolhido contabilidade como futuro profissional. Mais do que isso, talvez a matemática me tenha ajudado a encontra-la.

Duas batidas ocas na porta de madeira polida do escritório interrompem o meu pequeno devaneio. Kristen, vice-directora, penetra no nosso local de trabalho, sendo seguida por Abigail que se demonstra um pouco intimidada pela postura profissional e rígida da loira trajada impecavelmente.

-Mrs.Lee.- Eu e Joseph erguemo-nos em simultâneo, cumprimentando-a com um aceno de cabeça educado.

-Mr.Miller, Mr. Tomlinson.- Ela retorque de forma profissional.- Foi-me pedido para entregar esta mensagem pessoalmente devido à urgência desta situação.

-Algo de grave?- Joseph indaga cuidadosamente.

-Não temo que seja.- Opina.- Venho informá-los de que a reunião do concelho geral irá decorrer na próxima semana e contaremos com a comparência do patrão. A vossa presença é extremamente necessária, principalmente a sua Mr.Tomlinson.- Fita-me seriamente.- Irão ser revistas as estatísticas da empresa, os lucros, as metas, os objectivos e o assunto de expansão virá novamente ao de cima com maiores pormenores. Peço-vos que recolham o mais eficientemente possível os dados que vos competem.- Ambos assentimos.- A reunião realizar-se-á quarta-feira, por volta das seis da tarde na sala de reuniões principal.

-Lá estaremos.- Confirmo. Kristen assente, virando-se ligeiramente para a figura encolhida a seu lado que logo se endireita.

- Abigail tem também algo a dizer-vos. Continuação de bom trabalho.- Dito isto, afasta-se num passo perfeitamente calculado, abandonando o escritório.

Sorrio levemente a Abigail que remexe, nervosamente, os vários papéis que dispõe nas suas mãos.

- Hum.- Ela tosse, clareando a garganta.- Como o Joseph lhe deve ter dito, Louis, todos os anos os colaboradores da empresa são convidados para o aniversário da empresa e do patrão. - Olho de esguelha para Joseph que não se digna a dirigir-me o olhar.- Estão aqui os convites e penso que têm todas as informações necessárias.- Ela estende um envelope prateado adornado com leves pedaços de tinta negra que decifram o nome do destinatário.

- Obrigado Abigail.- Agradeço simpaticamente, tal como Joseph. A jovem rapariga retira-se e novamente somos apenas dois no escritório.- Não sabia que o aniversário do patrão está tão próximo.- Comento, enquanto me sento novamente atrás da secretária.

- Na verdade, o seu aniversário é hoje.- Ele diz sem emoção.

Não dou oportunidade ao meu ser de se irritar e abro o envelope, analisando o seu conteúdo.

-Não é habitual os patrões celebrarem os seus aniversários com os empregados.- Analiso.

-A estratégia desta empresa é conhecer, conviver e obter dos colaboradores o melhor trabalho possível. Entrar nesta empresa é extremamente difícil e o trabalho exige muito de nós. Porém, se há algo de bom nesta empresa é que todos os esforços são compensados, muito bem compensados, até para um simples contabilista com pouco mais de cinco meses de experiência, estou certo?- Inquere-me. De facto era algo que já teria reparado. O profissionalismo é uma das palavras-chave daqui. O trabalho torna-se exaustivo mas, ao chegar ao final do mês o que acaba por parar na nossa conta bancaria é incrivelmente satisfatório.- O chefe gosta de interagir com os demais, gosta de demonstrar que embora seja um dos milionários mais prestigiados de todos os estados unidos é alguém que preza bastante o trabalho de todos e que não despreza ninguém. Ele convida desde a vice-directora ao mais simples assistente. Convida-nos a todos, para um jantar em casa dele.- Esclarece.- De qualquer maneira é igualmente o aniversário da empresa como já sabes, logo é justificável a nossa comparência visto que de alguma forma contribuímos para o seu desenvolvimento constante.

-Bom, ele deve ter uma casa do tamanho de um campo de futebol para receber tanta gente.- Noto, tendo em consideração a quantidade de pessoas que trabalham para esta empresa ao longo dos estados unidos.

-Só esta empresa é que é convidada devido a ser a principal. – Declara.- Se todos os empregados fossem convidados acho que a cidade de Chicago seria demasiado pequena.- Falou ironicamente.

-Isso é uma hipérbole.- Aponto, não estando habituado a qualquer humor vindo da sua pessoa.

-Sim, talvez.- Sorri de lado.

- Obrigado pelas informações.- Exclamo em gratidão, guardando o convite o bolso interior do blazer.

- Não tens de quê.- Retorque simplesmente começando a guardar os seus pertences, tal como eu.- Vejo-te amanha.- Despede-se, abandonando o escritório.

Agito a cabeça, clareando as ideias. Estico os meus braços e fecho os olhos, absorvendo um pouco de paz. Uma das minhas mãos capta a minha carteira e dela retiram o papel dobrado em quatro, pousando-o em cima da secretária ao tempo que a minha mão desocupada vasculha os meus bolsos em busca do meu telemóvel.

-"Na vida, somos eternos amadores pois vivemos pouco para sermos mais do que isso."-

Sorrio ao reler a frase que tem permanecido na minha mente e marco o número no aparelho, ansiando que ela atendesse.

A cada toque o receio apoderava-se cada vez mais de mim. Ela poderia ter-me providenciado o número errado ou, quem sabe, talvez ela estivesse apenas a trabalhar.

-" Olá"- A sua voz pronuncia-se finalmente.

-" Olá"- Retorno vivamente.

-" Se está a ouvir esta mensagem é porque por algum motivo eu não pude atender, deixe mensagem após o sinal."- O meu sorriso cai ao reconhecer uma gravação. Suspiro em frustração e desligo o aparelho.

Parece que o destino não está a meu favor. Pensando bem, o destino nunca esteve propriamente do meu lado e no entanto eu consegui vence-lo. Eu encontrei-a e não pretendo perde-la.

Não enquanto não tentar perceber um pouco a pessoa que ela é.


Hey!

Vocês não estão bem a ver o que eu pesquiso para esta fic! Eu tenho andado a rever cada pormenor, a comprovar se está correto algo ou não e fiquei na duvida sobre se festejar o aniversario do patrao/empresa era normal e entao eu fui ligar a um tio meu que trabalha numa empresa meio assim (eu ja nao falava com ele ha imenso tempo por isso foi kinda weird) e ele disse que é possivel então cá esta babam 

OHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH sabem o que é que eu fiz quando vi as leituras/votos/comentarios desta fic? Comecei a fazer tweerk ao som do gangnam style e... acabe com a cabeça no chão mas enfim.... Obrigada por tudo mesmo! eu ja disse e volto a dize-lo, sem vocês eu não era nada.

Okay okay quem quer dedicação no proximo capitulo? hum? :3

XxTime

Delirium ➵ L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora