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Sábado, 26 de março de 2016.

Os pequenos prazeres são o que dá cor à vida.
Aqueles abraços em grupo, aquelas bolachas a meio da noite, aqueles olhares infindáveis com a pessoa que nos dá volta à cabeça. Todos os pequenos gestos que fazemos, aqueles que são parte da rotina mas que, ao mesmo tempo, não são. Essas pequenas coisas fazem, de facto, a diferença e é nisso que nos devemos focar quando estamos em baixo.
Se és uma rapariga e as dores da menstruação não te deixam descansada, bem, come um chocolate. Se és um rapaz e andas com a cabeça à volta porque a miúda que gostas não te dá valor, vai ter com ela, abraça-a e aproveita esse momento. Mas, se fores como eu e estiveres em cativeiro, sem contacto com o mundo exterior e uma série de químicos a percorrer a tua corrente sanguínea, agarra-te às tuas melhores memórias e a todos os pequenos prazeres que já tiveste. Tal como eu me estou a agarrar às lembranças que tenho com ela.

Abigail segura os comprimidos nutritivos enquanto como, devagar, as substancias que me dão miseras forças para o meu organismo não enfraquecer por completo. Apesar da alimentação rasca e da mobilidade reduzida, conto com um pesar de olhos tremendo, uma enxaqueca que não desaparece, e uma raiva crescente.


Quase cuspo o último comprimido na cara de Abigail quando esta me encara com um sorriso presunçoso, antes de se afastar, deambulando nuns saltos desadequados para a porra de um laboratório de tortura.

A cada minuto que passava, a ausência de Martha cada vez me fazia sentir pior. Ela era a única que me poderia ajudar a sair daqui, e nunca mais voltou. Ela deixou-me, sozinho, condenado. Sem ela, eu nunca mais veria Victoria, uma ultima misera vez que fosse. Um último olhar nos seus olhos cristalinos e um último toque na sua pele eram o suficiente para me deixar levar pela dor e acabar com tudo. Se a morte viesse, se a escuridão se apoderasse de mim, com uma última lembrança dela e uma garantia de que ela ficaria bem, eu partiria descansado e terminava de vez o inferno em que a minha vida sempre se resumiu.

Mas, pelos vistos, nem a morte me quer facilitar assim o caminho. E tal como ela, a vida tem outros planos para mim, mais difíceis do que me deixar ir assim de bandeja.

Boa noite delirantes, as aulas começaram e com elas vem a minha falta de tempo e inspiração. Mas, mesmo assim, acho que o proximo capitulo vai ser... bem, aquilo que estavam e não estavam à espera mas para saberem, só esperando por ele ahah
Obrigada, mais uma vez, por tudo (:

Delirium ➵ L.TOnde histórias criam vida. Descubra agora