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Quinta-feira, 10 de março de 2016.

Uma vez parei para me perguntar sobre o que era a vida.

Após muito reflectir não encontrei uma definição, encontrei uma palavra: Mistério. A vida é, basicamente, um mistério. Não por não sabemos porque que acontece, mas por não sabemos como acontece. Todavia, a verdadeira razão para ter chegado a essa conclusão foi, na verdade, porque a vida é, em si própria, um aglomerado de enigmas que a tornam num dilema extremamente complexo. Tudo nela é baseado em mistérios que todos os dias lutamos por desvendar, lutamos por entender e surpreendemo-nos com as respostas. E é nisto em que se baseia a nossa miserável existência: em estragar surpresas. Porque o ser humano é assim, nunca se contenta com o desconhecido e, ao invés vez de aproveitar o grande mistério que é a vida, perde o seu tempo preocupando-se em estudar pequenas lacunas de segredo.

Pouso a caneca de café bruscamente, fazendo com que algum do conteúdo manche a mesa da cozinha. O sol ausentara-se há umas horas e levou com ele a capacidade de abstracção que eu utilizava ao longo do dia. Agora, sozinho no meu apartamento e com Victoria, presumivelmente, a dormir em sua casa, dou por mim a reunir todas as coisas que tenho recebido nos últimos tempos.

Disposto em cima da mesa tenho o envelope que me fora entregue no escritório há cerca de um mês, envelope esse que contem os dados da minha entrada em Bethlem royal hospital, radiografias, fotografias com sensibilidade de frio/calor e uma impressão cerebral. Depois, tenho as duas notas que recebi, respectivamente, "Delírio" e "Eu sei que é ela". Tenho ainda fotocópias da mensagem que recebi quando estava em casada habitante da minha mente, no último fim-de-semana ("E se ela soubesse?") e ainda da última mensagem que recebi ("O fim disto depende somente de ti.") em conjunto com a imagem do símbolo toxico que foi enviada em conjunto. Por fim, tenho escrito num caderno o telefonema que Victoria recebeu quando estava em casa dela faz algum tempo no qual, segundo a própria, se ouviu " Diz-lhe que está próximo.".

Olhei para todos os itens e comecei a jogar com eles, tentando entender a sua logica. Inspeccionei cada um atentamente, mas não encontrei nada que não tivesse já visto. Agrupei-os então pela ordem que os recebi e a sequência foi:

"Delírio"; "Diz-lhe que está próximo"; "Eu sei que é ela"; "E se ela soubesse?"; "O fim disto depende somente de ti" e a imagem.

É certo que todas elas tinham uma ligação evidente: eram da mesma pessoa. Mas somente isso. Pelo menos era apenas o que eu conseguia ver e, neste momento, a minha pessoa estava a um misero passo de entrar num estado de pura loucura.

- Pensa Louis, pensa.- Falei alto, passando as mãos pela minha cara e cabelo, como se isso me fosse reavivar o pensamento. Lembrei as provas novamente. Do telefonema às mensagens. Dos papéis, às imagens.

A caveira branca do símbolo que me enviaram parecia fitar-me com os seus olhos inexistentes, querendo persuadir-me a ficar amedrontado, intimidado. Mas eu não tinha medo, eu só estava com raiva de todos estes papéis e desta imagem e... desta imagem. É isso!

A imagem que me enviaram na mensagem não significava toxicidade, significava morte.

Morte

Como só vi isto agora se esteve à frente dos meus olhos todo este tempo nos últimos dias?

E no preciso momento em que estava prestes a insultar a minha estupidez, o meu telemóvel volta a vibrar com uma nova mensagem.

-" Tarde de mais."

Merda. Merda. Merda. Merda.

Levanto-me bruscamente, a cadeira onde estava sentado caindo atrás de mim, fazendo um estrondo enorme. Dou um pontapé na mesma, a raiva a subir-me à cabeça. Então, como uma forte estalada, a realidade aterradora abateu-se sobre mim.

Morte. Ele ia mata-la.

-Não!- Gritei, o pânico a começar a abater-se sobre mim.- Não, não, não.- Repito para mim próprio marcando desajeitadamente o seu contacto. O telefone tocou, tocou e tocou. Mas não houve resposta. Repeti o processo três vezes. Nada.- Não, não, não.- Repetia para mim mesmo, não sabendo o que fazer. A minha respiração tornou-se inexistente. O pânico apoderou-se completamente de mim. Tudo o que eu conseguia pensar era na possibilidade de a perder. De a perder de uma forma cuja qual eu não tinha formas de derrotar.

De a perder para sempre, para a morte.


*BAIXEM AS ARMAS* 

Boa noite delirantes! Agora, que já baixaram as forquilhas e as tochas (espero eu), quero apenas informar-vos que... O próximo capitulo é continuação deste então terão de esperar por saber o que vai acontecer.
Se a Victoria morreu? Talvez sim, talvez não.
Mas digam-me: Como está isto? Já fazem sentido as notas que ele tem recebido? Já têm suspeitas sobre quem pode ser? É que eu não (PORQUE EU SEI QUEM É MUAHAHA)
Okay, independentemente do que possa acontecer, não me matem, eu sou boa pessoa.

Antes da pergunta final, queria fazer um anuncio: 

Uma leitora ( aka Brasileira da minha vida) publicou hoje mesmo uma história (um original) que eu estou a acompanhar e que está, em minha sincera opinião, qualquer coisa de muito bom! Aconselho-vos a ler, dêem uma vista de olhos, não perdem nada em dar uma vista de olhos  ;) Vou dedicar este capitulo a essa autora e o nome da história é "Numb".

Questão de hoje:
Quando o Louis tem um delirio normal, que sintomas são mais frequentes?
a) Tonturas e náuseas
b) Dores de cabeça fortes e visão turva e/ou nula
c) Dores de cabeça fortes e náuseas.

Resposta anterior: a)

Time.




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