Terça-feira, 15 de março de 2016.
A escuridão da noite é carga que me acompanha.
Parece irónico metaforizar os meus sentimentos com uma realidade tão neutra como a noite, tão previsível e, em parte, monótona quando dentro de mim a última coisa que reside é calma e monotonia. Mas, de certa forma, por mais que o meu íntimo se contorça em emoções e exista vitalidade em mim, toda a camada de sentimentos que hoje se aglomera nas minhas entranhas não vai muito além de uma combinação de ansiedade e raiva. E, de uma maneira ou outra, a escuridão da noite é uma imagem perfeita desta combinação extenuante sendo, portanto, uma metáfora perfeita quando assemelhada ao meu interior complicado.O vento fustigava as folhas das árvores do Grant Park, fazendo algumas esvoaçar ao longo dos trilhos, embatendo nos meus pés que, à semelhança de todo eu, ansiavam encontrar respostas. Grande parte de mim somente desejava descarregar a frustração em alguém e, por muito mau que isso possa soar, é a verdade, e ninguém melhor para isso do que a pessoa causador de todo o mal que aconteceu, não só a mim mas também a Victoria. No entanto, a parte consciente de mim-significativamente pequena- só pedia respostas a perguntas como "Porquê" ou "Quem". Mas, para isso, teria de encontrar o individuo com essas respostas.
Quando já ia a mais de meio do parque, um movimento vagaroso chamou-me a atenção no meio do reboliço constante do vento. Ali, num dos muitos bancos de jardim desgastados pelos invernos rigorosos de Chicago, estava a figura, sentada passivamente com as pernas cruzadas, as mãos nos bolsos e o seu perfil levemente iluminado pela luz do candeeiro de rua.
- Aguardava a tua chegada.- E foi com estas quatro palavras, com o levantar subtil do seu rosto na minha direcção e o vislumbre dos seus cabelos loiros platinados que eu percebi que nunca na vida tinha visto tal homem.
-Indicações mais precisas era uma boa ideia.- Falei calma mas firmemente, observando-o levantar-se nas suas botas envernizadas. Não tinha medo, não pensei em recuar, mantive a cabeça erguida e um olhar firme, pronto para o confronto que haveria de chegar.
Tinha um sorriso sinistro nos seus lábios, as suas mãos enterram-se no seu casaco escuro, retirando um maço de tabaco e um isqueiro que reluziu nas suas mãos.
- Louis William Tomlinson.- Disse, pausadamente, acendendo o cigarro.- O que procuras?
-Respostas.- Disse, um laivo de raiva a crescer dentro de mim perante a postura peculiar deste individuo. Ele parecia não deixar as emoções passarem pelo seu rosto, como uma estátua, todo ele era firme, atrevo-me até a dizer vazio.
-Respostas.- Murmurou, como quem pondera um assunto. Puxou o seu cigarro, fazendo-o queimar lentamente, para depois uma nuvem de fumo esvoaçar à sua volta e desaparecer arrastada pelo vento.
- O que queres de mim?- Inquiri, apertando os meus punhos.- Que ligação tens com o meu passado? Ou porque metes nisto uma inocente?- As questões eram tantas, e cada uma mais urgente do que a outra.
- Algumas perguntas não têm uma resposta.
- Mas estas precisam de uma. A bem ou a mal, eu vou descobri-las.- Assim que as palavras foram ditas, o seu olhar levantou-se até mim. E com uma passividade enorme e calculada ele falou:
- Não te chega já termos a Miss. Habitante numa cama de hospital?
E foi assim, com a sua calma, que eu perdi as minhas estribeiras. A menção de Victoria foi a gasolina para o fogo que se expandiu. Ela era o meu ponto fraco, sempre foi, e ele sabia-o. O meu movimento seguinte foi tão rápido, tão impulsivo e tão guiado pela raiva que quando ele percebeu eu já estava agarrado aos colarinhos do seu casaco, erguendo-o no ar com uma força que nem eu percebi de onde vinha.
- O que é que lhe fizeste seu merdas?- Cuspi na sua cara.
- Eu não lhe fiz nada.- E ainda assim, agarrado por mim, vendo a minha raiva fulminante, ele continuava calmo. O que me irritou ainda mais.
- Então quem foi?- Só via vermelho, no momento, era só vermelho.- Diz-me! O que queres de mim? O que queres dela? Diz-me seu filho da...- Uma dor forte. Uma picada infernal que se alastrou no meu braço, fazendo-me arregalar os olhos, vendo pela primeira vez uma emoção no seu rosto: triunfo.
E a última coisa que me lembro de ter ouvido foi um grito muito forte, agitado, frenético da única pessoa que a minha mente ouvia:
Consegues ouvir-me?
N/A- Saudações caros delirantes!
Peço desculpa pelo atraso enormissimo que cometi mas, aqui está Delirium de novo, e com mais um capitulo e... com mais um mistério? who knows? Quem é este individuo? o que irá acontecer?Descubram no próximo episódio de Delirium! Não percam porque nós também não!
XxTime
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Delirium ➵ L.T
Novela Juvenil-Delirei com ela toda a minha vida, ansiando tê-la. Agora, que finalmente a encontrei, não estou disposto a deixá-la ir.-