A minha camisa!

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Nº de palavras: 3249
Nº de páginas: 16

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- Ah!!! Não acredito! Entrei! Eu entrei! – Grito ao olhar para a carta.

- O quê?! Parabéns!! Eu sabia que conseguias! – Exclama a minha mãe dando-me um abraço que quase me sufoca.

Eu não acredito, eu simplesmente não consigo acreditar que vou mesmo estudar para Nova Iorque! É como um sonho!

Olá! O meu nome é Yasmin Rosa. Sim, eu sei! Nome mais esquisito de sempre, mas foi o que os meus pais me deram. E porquê Yasmin? Não sei. Os meus pais dizem que foi porque o meu pai é tão romântico que a primeira prenda que deu à minha mãe foi um tapete. UM TAPETE! Não me perguntem o que é que ele estava a pensar porque eu não sei. Nem sei se quero saber... O Rosa? Sou meio italiana.

Tenho 19 anos e acabei de descobrir que fui aceite numa faculdade em Nova Iorque e em medicina, o que é basicamente o meu sonho desde sempre!

Respiro fundo e despeço-me dos meus pais pela "última" sexta vez, com um abraço apertado e o coração pesado, sabendo perfeitamente que, apesar de serem os maiores chatos de sempre, vou ter imensas saudades deles.

Dirijo-me para a porta de embarque, mas antes de entrar viro-me e aceno-lhes uma última vez lutando contra as lágrimas nos meus olhos e o revirar incessante no meu estômago. A minha vida vai mudar assim que entrar no avião. Quem é que eu quero enganar? A minha vida mudou quando, finalmente, recebi aquela maravilhosa carta que está cuidadosamente guardada na mala que levo comigo.

Vejo a minha mãe sorrir ao limpar uma lágrima com um dos braços do meu pai à volta dos ombros. Ele, por sua vez, diz-lhe algo ao ouvido e acena-me uma última vez.

Sorrio e respiro fundo. É agora, penso enquanto entro no avião.

Contrariamente ao que eu pensava, o meu mundo não rodou 180 graus e mudou por completo. O ar estava um pouco mais fresco, mas tirando isso, tudo permanecia igual.

Sorrio para mim mesma, abanando a cabeça, e procuro o meu lugar, que rapidamente encontro e onde me sento sem cerimónias, preparando-me para a longa viagem à minha frente.

Umas belas horas depois, que mais pareceram anos, muitas playlists e um livro acabado, aterro em Nova Iorque. Tudo à minha volta parece surreal, saído de um dos meus muitos sonhos com este exato momento: o momento em que o meu grande objetivo de vida está a meros dias de se realizar.

Quase choro quando saiu do aeroporto para a rua onde uma fila enorme de táxis estacionados esperam por passageiros. Parece um mundo novo à minha frente, mas é, definitivamente, um novo começo, uma nova oportunidade de fazer as coisas bem.

Aproximo-me de um taxista e dou-lhe o endereço do apartamento que os meus pais me alugaram. Na mente da minha mãe era absolutamente inconcebível eu ficar num dormitório, sem saber com quem iria acabar na cama ao meu lado e sem nem conhecer a cidade como deve de ser. Naquela cabeça paranoica de mãe ficar num dormitório era a receita perfeita para uma desgraça.

O taxista acena com a cabeça e sorri, agarrando nas minhas malas e pondo-as na bagageira do carro.

A viagem é mais longa do que antecipei, mas o tempo é preenchido com a conversa do taxista (o qual, meros segundos depois de eu me sentar no carro, se apresenta – Lawrence). Aprendo metade da vida dele antes de, por fim, chegar à morada que lhe entreguei.

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