Por favor, que seja um sonho

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Acordo sozinha.
Foi tudo um sonho?
Sei que estou errada no segundo em que me sento e sinto uma dor. Solto um ligeiro gemido de dor e oiço logo o Ricardo preocupado.
- Estou bem, descansa.
- Ok. Não saias da cama! - Ordena.
- Sim, senhor! - Exclamo e ele risse.
Cinco minutos depois ele aparece com um tabuleiro cheio de comida.
- O que é isto tudo?
- É que como ontem à noite gastas-te muita energia, pensei que hoje tinhas de comer bem para a recuperar.
- Claro...
- Mas depois pus-me a pensar...
- Ai, ai... - Digo com um mau pressentimento, e pego no sumo de laranja.
- Tu gostas de chocolate e o chocolate dá muita energia... - Explica enquanto eu bebo o sumo de laranja. - Se eu me barrar com chocolate comes-me?
Quase que cuspo toda e o Ricardo, idiota como é, desata a rir!!
- Assim era dois em um! Tu ficavas com mais energia e eu ficava limpinho, se é que me entendes, Stingy. - Diz, piscando-me o olho e eu sinto-me corar.
Engulo o sumo de laranja que, milagrosamente, não saiu disparado, viro-me para o estúpido sentado à minha frente e dou-lhe um murro com mais força do que a necessária.
Ele agarra o braço dorido e reclama, eu continuo a comer com um sorriso vitorioso.

Quando acabo de comer saio da cama, com a colcha atrás, a tapar o meu corpo nu, e vou ao armário escolher uma roupa. Felizmente, só tenho aulas à tarde hoje, já são onze da manhã.
- O que é que estás a fazer? - Pergunto ao Ricardo a rir-me quando ele me pega ao colo.
- A levar-te para longe daquele monstro!
- Montro?
- Sim! Aquilo dá-te roupas! ROUPAS!!
- Deveras horrível... - Gozo.
- Também acho! Especialmente quando estás assim... - Diz, passando o olhar pelo meu corpo, mal tapado.
- Tarado!
- Prefiro pessoa com bom gosto! - Diz e eu começo a rir-me.
- Pois, mas está frio, caso não tenhas reparado e aquele "monstro" ia ajudar-me a ficar quentinha.
- Se for só para isso, descansa! Eu conheço um bom exercício que não requer a ajuda do monstro e te deixa bem quente!
- A sério? - Ele anui. - E eu conheço duas pessoas, aqui presentes, que não vão praticar esse exercício! - Rapidamente o sorriso que ele tinha desaparece, dando lugar ao meu.
- Desmancha prazeres! - Diz pondo-me no chão.
Dirijo-me ao armário e começo a escolher a roupa.
- Já que não me deixas fazer exercício, vamos sair!
- Para onde?
- Logo vês. Não exageres muito na roupa, mas também não te vistas normalmente.
- Ok. E tu?
- Vou agora a casa trocar de roupa.
- Ok...
Ele despedece de mim com um beijo e vai-se embora.
Procuro pelo armário algo entre o comum e o formal, mas o vestido do dia anterior chama por mim.
Ah! Vou usá-lo de uma maneira ou de outra! Não interessa quando!!
Visto o vestido e vou para a casa de banho. Ponho um batom vermelho, não muito carregado, e uma sombra preta. Por fim, faço uma trança cascata (figura acima) e defino os meus caracóis.
Olho para as horas, surpreendida por já ter passado uma hora e o Ricardo ainda não ter chegado.
Não dou grande importância ao assunto e vou-me sentar no sofá a ver televisão.

Já é quase uma e meia da tarde e ele não me liga, tem o telemóvel desligado e ninguém sabe onde ele está!! Estou a ficar seriamente preocupada...
Começo a andar de um lado para o outro impaciente quando o meu telemóvel toca.
- Estou?!
- Yasmin? É a Nicole.
- Nicole? O que é que estás a fazer com o telemóvel do Ricardo? Mais importante, onde é que ele está?!
- Yasmin... Ele... - Ela soluça do outro lado da linha e eu começo a temer o pior. - Houve um acidente.
Ela nem tem de dizer mais nada. Corro para o apartamento do Steven, irritada por não ter carro, e bato furiosamente na porta, mas ninguém abre, provavelmente estão na universidade.
Desço as escadas, esquecendo-me que existe um elevador, e peço ao porteiro para chamar um táxi. Quinze minutos depois estou quase a gritar com o taxista para se despachar a levar-me ao hospital.
Durante a viagem toda não consigo para de pensar no pior.
Oh, por favor, digam-me que isto não passa de um pesadelo!!
Chego e ligo à Nicole.
- Yasmin?
- Onde é que estão?
- Estou à tua espera no terceiro piso.
Assim que chego a Nicole abraça-
me a soluçar incontrolavelmente. - Hey, Nicole. Tens de me dizer o que aconteceu, eu preciso de saber.
Ela larga-me e respira fundo numa tentativa de controlo.
- Eu não sei. Eles ligaram para a minha mãe a dizer que ele tinha tido um acidente de carro e que estava agora no hospital, mas a minha mãe está em Washington, então não pode vir, por isso, ligou-me.
- Como é que ele está?
- Não sei. Os médicos só me disseram que o iam levar para o Bloco Operatório e não tenho tido novidades desde aí.
Sentamo-nos na sala de espera e meia hora depois o mesmo médico que tratou da perna do Ricardo aparece.
- Ele já saiu do bloco e a operação correu bem, por enquanto, estamos à espera que ele acorde para ver se existem danos psicológicos. - Explica.
- O que é que ele tinha? - Pergunto.
- Uma hemorragia interna. Quando o carro bateu o vidro estilhaçou-se e perfurou o abdómen dele. Para além disso, bateu com a cabeça e tem um traumatismo.
- Há hipóteses de ele ficar com amnésia?
- Há.

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