Decide

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- São duas e meia.
- Então acho que temos um sítio para ir. - Diz a Rach olhando para mim.
- Espera! Ela vai, mas vai bem vestida! Ele tem de perceber bem o que pode perder! - Ordena a Jo e ninguém se opõe.
Ela vai ao roupeiro e tira um vestido rosa bébé aperado no peito e mais largo a meio da barriga com uma tira prateada a separar o sítio mais apertado do mais largo. É absolutamente maravilhoso!
Ela entrega-mo e visto-o rapidamente, depois faz-me uma maquilhagem simples e põe-me o cabelo com um penteado também simples, mas que encaixa perfeitamente com a roupa. Em quinze minutos estou pronta.
- Uau... - As raparigas dizem em coro quando me veem.
- Eu sei! Nem me reconheço!
- Crianças por alguma razão eu estou em moda! - Ela responde.
- Parem de olhar e despachem-se! O Steven acabou de me mandar mensagem a dizer que teve de trancar o Richard no apartamento dele, para ele não sair à tua procura!! - Exclama a Rach.
Assim que a Rach acaba de falar corro para a porta, já com as chaves na mão, e dirijo-me para o meu hotel o mais rápido que posso, sem querer saber das raparigas que deixei para trás.
Estaciono o carro e corro para o elevador, mas como demora muito tempo decido correr pelas escadas, afinal são só três andares!
Chego à porta do apartamento do Steven, mas não consigo bater à porta.
O que é que se passa contigo?! Vieste até aqui, não foi? Agora é só bater à porta!
Respiro fundo e bato à porta. Segundos depois o Steven abre-a.
- Finalmente! Não sei por mais quanto tempo é que o ia aguentar! - Diz. - Entra. Já agora, eu vou para o teu apartamento, para não vos atrapalhar.
- Ok. Onde é que ele está?
- Amarrado a uma cadeira na sala.
Fico surpreendida mas não digo nada. Ele deu-me o tempo que eu precisava para ganhar coragem e por isso estou-lhe grata.
Quando chego à sal o Ricardo está a desamarrar-se, já em pé.
- Ricardo... - Chamo, fazendo-o olhar para mim.
- Yas...Yasmin! - Grita correndo para mim e abraçando-me. - Desculpa. Desculpa! Eu fui o maior estúpido do mundo! Desculpa!
Fico sem palavras. Ele está mesmo arrependido. E de pé. O estúpido está em pé sem as muletas!!
- Senta-te! - Ordeno.
- Desculpa!
- Mas tu estás a ouvir-me?! Senta-te parvalhão! - Ordeno outra vez e desta vez ele obedece e senta-se no sofá.
- Yasmin...
- Calou! - Baixo-me e arregaço-lhe as calças para ver o seu pé. - Está inchado. O que é que tu andas-te a fazer para fazeres isto inchar assim?! - Olho para ele zangada, mas ele olha para mim aliviado.
Decido ignorar o olhar dele e vou à cozinha do Steven buscar gelo. Tiro um saco, meto uns cubos de gelo e pego num pano onde enrolo o saco com gelo. Os olhos do Ricardo seguem todos os meus movimentos.
Volto para o pé dele e ponho o gelo sobre o inchaço.
- Yasmin... - Tenta começar outra vez.
- Não! Tu não tens o direito de me chamares com essa voz de súplica para eu me sentir culpada!
- Eu não quero fazer-te sentir culpada. Eu sou o culpado! Fui um idiota e só porque estava com medo!
- Com medo do quê?! É uma ida ao shopping!
- De conheceres novas pessoas!
- E o que é que isso mudava, Ricardo?!
- A forma como tu olhas para o mundo, para mim... Estava com medo de te perder!
- Medo de me perder?! Ricardo tu deste-me tudo o que eu tenho agora! Os meus amigos, ser a Lucky Charm, ser a capitã da claque, isso tudo aconteceu porque eu te conheci!
- Mas ias conhecer outros rapazes e...
- Hoje eu fui sair com elas. Fomos a uma discoteca e eu tive montes de olhos pousados em mim e tenho a certeza que podia ter qualquer um que eu quisesse, mas, por alguma razão desconhecida, vim para aqui.
- Eu estou tão arrependido...
- Eu sei. Mas também sei que o que disses-te me magoou. Foste à minha ferida mais profunda e abriste-a de novo.
- Eu sei e assim que disse aquelas palavras arrependi-me logo, mesmo quando ainda pensava que tu não tinhas percebido. Desculpa, Yasmin!
- Eu não sei o que fazer! Eu quero perdoar-te, eu quero esquecer, mas não sei se consigo! E se não for uma coisa isolada? E se for sempre assim? E se em todas as discussões acabarmos neste estado?!
- Nunca vais saber se não tentares. Yasmin, eu não te vou forçar, mas não quero ficar com esperanças para nada. Daqui a duas semanas é o jogo, nessa altura eu já posso jogar. No final, diz-me a tua decisão.
- Estás a dizer para acabarmos?!
- Não. Estou a dizer para pensares se me consegues perdoar, mas enquanto o fazes...enquanto o fazes eu vou para a minha casa. Já consigo andar sem dores, consigo ficar sozinho.
- Então isto é um adeus.
- Não tem de o ser.
- Adeus, Richard.
Saio do apartamento do Steven e vou para o meu, onde encontro o bando de idiotas e as raparigas.
- E então? - Pergunta a Rach.
- Precisas de perguntar? É óbvio! - Diz o Ryan.
- Se não se importam eu gostava de ficar sozinha, tenho muito em que pensar e estou cansada.
- Foi assim tão mau? - Pergunta a B.
- Por favor, agora não.
- Amanhã falamos? - Pergunta a Rach antes de sair.
- Não sei, mas não me venham buscar para as compras.
Eles saem todos. Eu fico sozinha.
Começo imediatamente a chorar, e só tenho tempo de me atirar para a cama entes de se tornar num pranto incontrolável.
Acordo de manhã e vou para a cozinha automaticamente, como automaticamente. Durante o resto da semana faço tudo como se estivesse programada. Não sinto nada para além de dor, não penso em nada sem ser nas últimas palavras que trocámos.
Na segunda semana as raparigas, preocupadas, embuscam-me em casa e fazem-me deitar tudo cá para fora.
- Não podes continuar assim! - Diz a Maggie.
- Porque é que não voltas para ele? Continuas chateada? - Pergunta a B.
- Não, eu...eu só não sei como. Não sei! - Respondo a chorar.
- Pois olha, eu sei! Vais fazer aquilo que fazes melhor: vais cantar e dançar! Vais escolher a música que diz aquilo que tu lhe queres dizer e nós fazemos uma coreografia e no intervalo do jogo esta semana vais mostrar-lhe a tua decisão! - Decide a Jo.
- Exatamente! Vocês começaram a cantar e a dançar e é assim que vão continuar! - Apoia a Carol.
- O que é que achas Yasmin? - Pergunta a Rach.
- Acho uma óptima ideia.

A semana passa lentamente a cada dia que passa estou mais ansiosa e assustada ao mesmo tempo. Por fim, chega o dia.
O jogo começa, eu faço um discurso, atuo pela primeira vez e chega o intervalo.

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