Pânico

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- Ricardo! - Chamo. - Tira-me esse cu da cama e veste-te!! Temos 10 minutos para chegar à universidade e tu ainda nem tomastes o pequeno-almoço!

Ouço-o resmungar algo incoerente enquanto se levanta da cama e, quando ele chega à cozinha, o olhar ensonado e zangado dele é o suficiente para me fazer perceber que para ele voltar a ficar bem-disposto, vai ser preciso muito...

- Bom dia, dorminhoco! - Saudo, dando-lhe um beijo no canto da boca.

Ele acorda logo e puxa-me para ele, a boa-disposição já a começar a atacar.

- Despacha-te e depois podes fazer tudo o que quiseres!

Ele arregala os olhos, agradado com a ideia, e em 5 minutos já estamos no carro.

O dia passa normalmente na universidade. Aulas, almoço, mais aulas e, a melhor parte do dia: o treino.

- Ok, ok. - Digo, parando a música. - Lexy, atrasaste-te no segundo compasso, tem atenção da próxima vez. Rach subiste demasiado no primeiro refrão, tens de manter o tom do 1° verso, só sobes no 2°. - Ambas as raparigas anuem, interiorizando os seus erros. - Ok, de novo!

Ligo a música e começamos a fazer a coreografia e a cantar.

A meio da canção o meu telemóvel toca.

- Pausa de 10 minutos. - Declaro, agarrando no telemóvel e atendendo a chamada.

Estranho o número é de Portugal e não é dos meus pais...

- Estou? - Atendo.

- Estou, sim? Boa tarde. Estou a falar com Yasmin Rosa?

- É a própria. Quem fala?

- Estou a ligar do hospital St. Carolina. Houve um acidente envolvendo os seus pais.

A preocupação ataca-me rapidamente e começo a temer o pior.

Yasmin, acalma-te! Não deve ser nada! Não é como se a minha mãe nunca tivesse tido um acidente antes!!

- Está tudo bem??

- Não. Os seus pais morreram no acidente. As minhas condolências.

O ar começa a sair e a entrar demasiado rápido nos meus pulmões; o meu peito contrai-se de dor; a minha mente entra em combustão; sinto-me a morrer.

A cada segundo fica cada vez mais difícil de respirar. O oxigénio parece puro veneno que o meu corpo teima em rejeitar, mas que indispensável para a minha sobrevivência.

Vejo vários borrões à minha frente. Borrões que se movem à minha volta numa dança frenética em que a letra da canção diz coisas estranhas como: o que é que se passa?! Yasmin! Alguém a ajude!! Ela está a ter um ataque de pânico! Rick!! RICK!!!

De repente, sinto uma força rápida e bruta contra a minha bochecha e percebo que me deram uma estalada.

Tudo pára.

Olho em frente e só vejo o Ricardo.

Soluço e agarro-me a ele, puxando-o o mais perto que consigo. Tudo o que consigo fazer a seguir é chorar no ombro dele.

Choro durante o que parecem horas e, depois disso, só me lembro de escuridão.

Escuridão e dor. Muita dor.

So........
Não me matem! Eu tinha de o fazer, era uma ideia que eu tinha mesmo antes de eles sequer se terem conhecido!
Se vos faz sentir melhor eu chorei... E eu nunca choro...

Desculpem... Mas nem tudo está perdido! A Becas...

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