Lucky Charm

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Nº de palavras: 3988
Nº de páginas: 21 

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 - És a nossa Lucky Charm. – Declara o loiro.

Alguém andou nos ácidos.

- Quem? – Pergunto, erguendo uma sobrancelha.

- Lucky Charm. – Repete um dos rapazes idênticos.

- Não é por dizerem o nome mais vezes que eu adivinho.

- Lucky Charm. – Repete o idiota, recebendo um olhar exasperado meu. – Ou seja, - continua, retribuindo o meu olhar – a pessoa que atua nos intervalos dos jogos com a claque e está connosco no antes, durante e depois. Para dar sorte.

- E porque é que do nada eu passei a fazer tudo isso?

- Pelo que acabaste de fazer. – Responde, encolhendo os ombros.

Eu vou-lhe bater. Deus me segure, porque eu VOU-LHE BATER.

- Que raio! Eu não vou atuar em lado nenhum só porque cinco rapazes seminus, que eu não conheço de lado nenhum, me invadiram a casa e do nada decidiram que eu ia andar a espalhar sorte que nem duende!

- É ela. – Afirma o outro rapaz idêntico, virado para o Richard. Sim, fala de mim como se eu não estivesse aqui. Isso vai ajudar-vos imenso! – Tem de ser ela! A Andrea nem lhe chega aos calcanhares!

- Eu sei. – Afirma o Richard, anuindo com a cabeça. – Amanhã às 17h, tens aulas? – Pergunta-me.

- Para que é que isso te interessa?! – O Richard suspira e dirige-se ao monte de papéis da faculdade, agarrando no meu horário.

Atiro os braços ao ar, mas luto contra a vontade de me levantar e arrancar as minhas coisas pessoais das mãos dele, pelo simples facto de ter sido um dia demasiado longo e eu estar com preguiça.

- As tuas aulas acabam às 15h. Ótimo, é à mesma hora que as minhas. Eu vou buscar-te. – Diz sem tirar os olhos do horário.

- Ai, não, não vais! – Nego de imediato. – Eu acabo as aulas e venho para casa. Tenho matéria para rever!

- É o segundo dia! – Discute, olhando para mim em choque.

- Eu estou em medicina! Tenho de estudar!

- Mas isto é importante! – Argumenta, dando um passo em frente na minha direção ainda com o papel na mão.

- O meu futuro é mais!

- Só amanhã. – Negoceia, sabendo que não vai conseguir convencer-me de outra maneira. O Richard olha para a sua própria mão, onde está o meu horário, e vira-se para trás para o devolver ao meu monte de coisas da universidade. – Vais amanhã e vês como é que as coisas correm. Se gostares ficas, se não... Não te podemos obrigar. – Diz, fazendo uma careta.

- Por favor. – Implora o loiro com olhinhos de carneiro mal morto.

Olho para o semicírculo de rapazes à volta da minha cama que reproduzem a mesma expressão do loiro. Quando o meu olhar pousa no idiota vejo-o não só a imitar o amigo, mas também com aqueles olhos avelã (que me andam a afetar demasiado, se me perguntarem) com um brilho de esperança.

Porra.

- Está bem! – Concordo, a contra gosto. – Mas não prometo nada!

Todos os rapazes sorriem e eu não consigo evitar quando um dos cantos da minha boca se levanta ligeiramente, impelida a replicar a felicidade deles. Rapidamente, me apercebo das minhas ações e volto a cerrar os lábios numa expressão carrancuda. Pelo olhar divertido do idiota, diria que não fui rápida o suficiente.

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