Eu gosto de ti

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  Pela primeira vez na minha vida não consigo pensar nada. Tudo revolve em volta daquelas quatro simples palavras que parecem deixar toda a minha mente num frenesim.

  Eu sei que não é a primeira vez que ele me diz que gosta de mim, mas é a primeira vez que eu acredito. É a primeira vez que vejo sinceridade genuína nos seus olhos; a primeira vez que quero que seja verdade.

  - Stingy...?

  - Ah... Eu-Eu...

  - Não precisas de dizer nada. – Assegura com um sorriso.

  - Mas...

  - Eu percebo que não sintas o mesmo.

  - Richard. – Peço, pedindo-lhe com o olhar para que me deixe falar.

  - Eu posso esperar.

  - Mas eu...

  - Tu vais perceber com o tempo. – Interrompe de novo.

  Porque é que ele não me deixa falar?!

  - Richard! – Grito, tomando a sua cara nas minhas mãos e forçando-o a olhar diretamente para os seus olhos. – Deixa-me falar.

  - Tu não precisas de dizer nada. – Responde, dando-me um sorriso enquanto agarra nas minhas mãos e as tira da sua cara, baixando-as, mas mantendo-as seguras nas suas, desviando o olhar para elas logo de seguida.

  E é com o simples desvio de olhares que percebo que, pela primeira vez desde que o conheço, o Richard está com medo.

  Com medo da minha resposta...

  - Tu és o maior idiota que eu alguma vez conheci! Tu tens um ego que engloba o mundo inteiro – Começo, retirando as minhas mãos das suas. O Richard prende a respiração baixando a cabeça ainda mais como se tivesse a aceitar o seu destino, libertando um longo suspiro que me invadiu no segundo, deixando-me com um aperto no peito. – Mas depois... – Murmuro, levantando de novo a sua cara com a minha mão, não conseguindo evitar um pequeno sorriso de subir aos meus lábios quando vejo um brilho de esperança nos olhos com que tanto me apaixonei. – Depois tens todos aqueles lados que me confundem, irritam e seduzem, que me fazem rir, confiar e lutar pelo que quero. Eu nunca confiei em ninguém e, do nada, confio cegamente em ti. Eu nunca partilhei gargalhadas com ninguém e tu deste-me um bando de idiotas que parece não conseguir não me fazer rir! Eu nunca pensei em fazer aquilo que quero, era sempre estudar e estudar e tu...tu encontraste-me, tornaste-me na Lucky Charm da equipa de futebol da universidade e capitão da claque! Fizeste-me lutar para o ser! Richard, eu... Eu nunca gostei de ninguém. Estive sempre sozinha e basicamente tudo aquilo que senti desde que vim para Nova Iorque, desde que te conheci, tem sido novidade para mim!

  - Por isso é que eu não te quero apressar. É tudo novo para ti, não sabes o que estás a sentir. – Afirma, dando um passo em frente, fazendo a minha mão cair da sua cara.

  - O problema é que eu sei, Richard! Não ouviste nada do que eu estive a dizer?! Tu mudaste a minha vida inteira num mero mês e eu não mudava um único segundo dela desde que te conheci.

  - Nem mesmo se pudesses salvar a tua camisa e o casaco? – Pergunta, sorrindo e esfregando a nuca.

  - Ok, era capaz de abrir uma exceção nesse caso. – Admito, rindo. O Richard gargalha comigo e, neste momento, tenho toda a confirmação de que precisava. – Richard Laughlin, eu também gosto de ti.

  O sorriso cresce na sua face e eu sinto o meu tornar-se no mesmo estúpido que parece andar sempre na minha cara desde que este idiota entrou para a minha vida.

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