É só o primeiro jogo

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  No segundo em que a música ecoa pelo campo tanto eu como a claque começamos a dançar, tal e qual como andámos a treinar nas últimas semanas. A Jo e o Andrew estão ao meu lado, ligeiramente mais atrás, balançando ao ritmo da música com os mesmos movimento que eu, de vez em quando mais elaborados, mas sempre mais suaves e menos ousados do que o resto da claque, sendo o meu coro. A Rach e o Will estão exatamente no centro de toda a coreografia, destacando-se como os bailarinos principais, dançando como par e complementando a letra romântica da música. Por fim, o resto da claque executa uma rotina complementar com piruetas no ar, rodas e saltos, dando dinâmica a toda a atuação.

  Rapidamente chega o refrão, com uma nota alta que atinjo na perfeição, só notando depois que já não sou acompanhada pelo instrumental, deixando a minha voz a soar completamente sozinha pelo espaço. Paro imediatamente de dançar e olho à volta como se apenas isso me pudesse dar a resposta à ausência repentina da música. A claque começa a murmurar entre si, claramente confusa com o que se está a passar, tal como eu e, provavelmente todas as pessoas aqui.

  - O que é que se está a passar...? – Pergunto a mim mesma.

  Instintivamente olho para a claque da equipa adversária, concentrando-me na sua capitã que, ao me ver, me dá um sorriso cínico, ao mesmo tempo que outra música começa tocar, fazendo soar palavras estrangeiras pelo campo.

  - Yasmin! – Grita a Rach em pânico. – O que é que fazemos?

  Espera... Eu conheço isto!

  Sem perder um único segundo começo a pensar numa solução, ouvindo a música, batendo com o pé no chão ao mesmo tempo do ritmo da canção.

  - Oiçam. – Ordeno à claque. – Eu conheço isto! – Exclamo.

  Nós temos coreografias velhas... Dá para dar a volta a isto!

  - Claque, coreografia 1 dos treinos. Dançarinos principais ficam à minha frente e coro passa para a segunda fila, ligeiramente atrás de mim. Lexy, apanha o ritmo e dá-me mortais. Usa a Carol e o John. – Digo por cima da música, recendo sinais de aprovação silenciosos de toda a claque. – Todos os outros, deem tudo o que tiverem.

  Bato palmas uma vez, separando aqueles que se tinham juntado ao pé de mim e vou até ao meu lugar, pondo-me em posição com o resto da claque. Dou-lhes um segundo para ouvirem a música e se prepararem e começo a bater palmas ao mesmo tempo da batida, elevando a minha voz por cima da canção com a ajuda do microfone, assim que o refrão começa, proferindo as palavras japonesas que os animes me ensinaram.

  Olho de relance para a capitã da claque adversária, vendo a sua cara vermelha de fúria enquanto grita com um rapaz esguio de óculos que parece pronto a chorar a qualquer momento e um sorriso convencido sobe aos meus lábios.

  Nunca te metas com uma otome!

  O final da música aproxima-se e eu apresso-me a fazer sinal à minha claque, juntando-os nas nossas posições finais a tempo de batermos todos palmas em conjunto com a última batida.

  O público ruge em contentamento com a nossa atuação, dando-me sinal de que já me posso levantar e ir para o banco, dando lugar à outra claque.

  - O que é que foi aquilo?! – Questiona o Ricardo com toda a equipa atrás de si, cada um deles carregando o mesmo semblante de surpresa e confusão, assim que nós chegamos aos bancos.

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