- Yasmin Maria Almeida Rosa! Porque é que está um rapaz semi-nu no teu apartamento?! - Grita o meu pai.
Eu estou congelada, o meu pai furioso, o Ricardo em pânico, a Becas não estava a perceber nada e a minha mãe estava a rir tanto que já dava para ver as lágrimas a cair pela sua face!
- Estou à espera de uma explicação!! - Avisa o meu pai, fazendo-me descongelar.
- Mãe, acalma o pai, Ricardo quarto. Já! - Digo e pego no braço dele, arrastando-o comigo.
Fecho a porta do quarto e viro-me para ele sem saber o que sentir.
- O-Os teus pais... Eles estão cá... - Murmura traumatizado.
- Diz-me algo que eu não saiba! Não viste a minha mensagem?!
- Que mensagem? Eu estava a fazer o almoço e depois fui tomar banho! Nem olhei para o telemóvel!
- Se tivesses olhado não estaríamos nesta situação!
- Peço desculpa de tinha mais para fazer do que olhar para o telemóvel!! - Quase grita.
Respiro fundo, numa tentativa de me acalmar, e começo a andar de um lado para o outro no quarto.
- Ben, não podes dizer que não vou ser memorável! - Goza.
- Sim, eu acho que o mei pai nunca se vai esquecer disto!! - Digo e, pouco depois, começo a rir-me da estupidez desta situação.
Ficamos os dois a rir durante um bom bocado e eu preciso de me sentar tanto que já me dói a barriga.
Acalmo-me e olho para ele, enquanto se senta ao meu lado na cama.
- Desculpa não ter visto o telemóvel. - Diz, pondo a mão na minha cara, acariciando-a.
- Desculpa ter ficado tão irritada, por tão pouco...
Ele abana a cabeça como que a dizer: não faz mal, eu percebo e dá-me um beijo suave e carinhoso.
- Vá, agora veste-te! - Ordeno.
- Sim, senhora! - Responde fazendo continência, como um soldado e eu rio-me.
Ele levanta-se da cana e deixa a toalha cair, propositadamente, deixando-me a olhar para o seu rabo...
- Nice ass! - Provoco.
- Eu sei. Percebi quando não tiravas as mãos dele ontem à noite.
- Uma mulher tem de trabalhar com aquilo que tem! - Defendo-me e ele liberta uma gargalhada.
- Descansa, eu não me estou a queixar, até pelo contrário. - Saio do quarto a rir-me, deixando um Ricardo nu, pronto a vestir-se, e indo, literalmente, enfrentar as feras.
Vou para a sala, onde encontro os meus pais sentados no sofá, com a minha mãe a segurar um riso enquanto falava com o meu pai, e a Becas no puff com o comando na mão, fazendo zapping pelos canais.
- Pai, já estás mais calmo? - Pergunto receosa.
- Como é que é suposto eu estar mais calmo?! Tu tens um homem NU na tua casa!!
- Pai, ele vive cá!
- Ele o quê?! Yasmin Rosa, eu não te criei assim!! Nunca pensei que deixasses um homem viver contigo como se não fosse nada! - Grita, visivelmente desapontado.
- Mas pai...
- Nem mas, nem meio mas! Voltas para Portugal assim que as férias acabarem e não se fala mais nisso!
- O quê?!
- É isso mesmo que ouviste!
- Pai, ouve-me... - Peço.
- Não, não te ouço!!
- Mas, pai, se me deixasses falar...
- Como é que é suposto eu querer sequer ouvir-te quando ainda nem passaram quatro meses e já te tornaste numa vagabunda que tem homens nus em casa e sabe lá Deus o que fazes à noite! - Grita, chocando todos na sala, inclusive o Ricardo que tinha acabado de chegar.
O Ricardo passa um braço à volta da minha cintura para me dar forças, e também numa forma a dizer: ela é minha!
- Com todo o respeito, senhor, o meu nome é Richard Laughlin e eu sou o namorado da sua filha, não um homem qualquer! E peço desculpa, mas é preciso ser-se um verdadeiro canalha para dizer algo assim da própria filha! Ela esforça-se ao máximo todos os dias, chegando mesmo a quebrar os seus limites, só para o deixar a si e à sua mulher orgulhosos e você vem aqui e diz-lhe que ela é uma vagabunda?! Mas o senhor conhece-a sequer?! Ela já passou por mais do que você deve ter passado a sua vida inteira, e ainda tem a coragem de a deitar ainda mais abaixo?! Você é o pai dela! Devia ajudá-la e guiá-la durante a sua vida!! Não julgá-la por fazer amor com o namorado! Ela já tem 19 anos, acho que há sabe decidir com quem vai para a cama ou não!
O meu pai ficou chocado, sem resposta e simplesmente olhava para o Ricardo, surpreendido pela ousadia dele. Eu dei por mim a conter as lágrimas. Nunca pensei que alguém, algum dia, me defendesse como ele acabou de fazer.
Do nada, a desnaturada da minha mãe desmancha-se a rir, e, depois de beijar a bochecha do meu pai, dirige-se a nós.
- O meu nome é Linda Rosa. - Diz dando dois beijos ao Ricardo.
- Richard Laughlin, senhora.
- Voltas a chamar-me senhora e vamos dar-nos mal! - Vejo-o engolir em seco, mas dá um sorriso aliviado. - Este é o meu marido, Rafael. E eu peço desculpa em nome dele.
- Linda! - Exclama o meu pai. - Eu não tenho de pedir desculpa! Ela é minha filha e é muito nova para viver com um homem e para o ter na cama!!
- A sério? Olha, mas quando eu tinha 16, não me lembro de te preocupares com isso... - Declara, deixando o meu pai vermelho de raiva e vergonha.
Após um minuto de tensão silenciosa, reúno a minha coragem e olho para o meu pai.
- Pai, eu não tenho mesmo de ir embora, pois não? - Pergunto e sinto o Ricardo ficar tenso ao meu lado.
- Tu não vais lado nenhum, Stingy! - Murmura de forma a eu ser a única a ouvir.
- Podes ficar cá. - Suspiro de alivio. - Com algumas condições!
- Qualquer coisa! - Declara o Ricardo, fazendo o meu pai arregalar os olhos surpreendido.
- Tu - aponta para o Ricardo - não vais continuar a vir a este apartamento, muito menos a viver cá. Depois, nada de relações até acabarem a faculdade e, por último, nada de demonstrações de afeto comigo perto!
- Rafael! A tua filha tem 19 anos!! Ela tem é de ter o namorado mais vezes na cama!
- Linda, não me contra digas! Ela é minha filha e eu...
- E tu não tens de lhe dizer o que fazer! A Yasmin nunca nos deu razões para não confiar nela! - Interrompe a minha mãe.
- Mas...
- Mas nada! Tal como o Ricardo disse, ela já tem idade suficiente para saber o que faz!
O meu pai amua, mas eu e o Ricardo nem queremos saber! Estamos ambos demasiado felizes...
Depois de pôrmos a conversa em dia, e de os meus pais o conhecerem melhor (e ameaçarem), eles decidiram apanhar um táxi para o hotel deles (mentira, a minha mãe obrigou o meu pai. Por ele, eu não dormia no meu apartamento)
Fecho a porta e sinto de imediato os seus braços rodearem-me a cintura, seguidos pela sua cara no meu ombro.
- Embora?
- O meu pai ficou um bocado chocado...
- Para Portugal? - Assinto.
Ele vira-me e abraça-me fortemente contra ele.
- Eu nunca te deixaria ir!
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Lucky Charm
Teen FictionYasmin é uma simples rapariga portuguesa que vai estudar medicina para Nova Iorque. A única coisa que ela quer é uma vida sossegada - o oposto da vida que tinha em Portugal. Mas rapidamente os planos dela vão por água abaixo quando um certo idiota l...