Melhor amigo, ou namorado?

Encrenca?!

-Quando duas pessoas ficam, é normal acontecer certas coisas.
-Aham é.
Eu respondi sentada na beira da minha cama.
-Então quando o Andrei foi me deixar em casa naquele dia da minha festa de aniversário. Bom, eu não fui exatamente pra casa, eu vim pra sua casa. E você já sabe o que aconteceu né?
A Isa me dizia envergonhada.
-Ah, então vocês estão namorando?
-Pior que não. Nos ficamos juntos praticamente o dia inteiro. Mais não temos um " relacionamento sério". Você acha que eu fiz mal? Ter minha primeira vez com um garoto que não é meu namorado?
Ela me perguntava insegura.
-Ah Isa, sei lá. Você gosta dele não é? E se você acha que ele tem algum sentimento por você. Não tem problema nisso, talvez foi um pouco rápido demais. Mas sei lá, você se sentiu preparada isso que importa.
-Ah.. Sempre achei que minha primeira vez fosse como nos filmes. Mas não foi, pra ser sincera.. Foi até estranho!
-Nunca é como nos filmes Isa, a vida real é diferente, bem diferente.

Eu ainda não entendia esse relacionamento da Isa com o Andrei. Se viam todos os dias, qual era o problema de assumirem um namoro? Se bem, que como o Andrei nunca namorou com ninguém antes. Achei muita vantagem ele ainda está com a Isa. A maioria das meninas que ele ficava era apenas por um semana, ou menos.

-Sua mãe já viajou?
- Aham, foi hoje a tarde. Assim que cheguei do colégio.
-Ah, vou dormir aqui hoje. Pra você não ficar sozinha!
Ela dizia se jogando na cama.
Ela não dormiria comigo coisa nenhuma, eu sabia que assim que eu me distrair se ela correria por quarto do Andrei.

Passei a noite escutando música no computador, era uma noite tediante. A Isa já havia ido pro quarto do Andrei, o Caio e a namorada haviam saído e não voltariam tão cedo.
Entrei no Facebook e logo me deparei com um novo status de relacionamento da Manu. "Solteira"
Então ela e o Leo haviam acabado com aquele "lance" que tinham? Foi por isso o tapa que o Leo levou na escola?

-

A Isa não foi pra aula no dia seguinte, bati na porta do quarto várias vezes, mas ela se quer respondeu. Deixei ela dormir, não teria nada de importante na aula, nenhuma prova nem nada.
Assim que cheguei no colégio todos os alunos estavam indo pro auditório.

Teria uma palestra sobre drogas, e de fato, o Gabriel e o Nando não assistiriam. Eu já havia escutado vários boatos que o Nando fumava certos tipos de drogas, segundo as fofocas era apenas pra "relaxar" o Gabriel se acompanhando com ele, seria encrenca na certa.
O auditório estava super lotado acabei nem achando a Carol no meio daquela multidão.
Havia poucas cadeiras sobrando me sentei em uma das últimas filas.
Enquanto o palestrante falava e poucas pessoas prestavam atenção. Eu peguei no sono. E fui surpreendida com o Leo sentado ao meu lado.
-Isso lá é lugar de dormir branquela?
Ele sorria se arrumando na cadeira.
-Quando a palestra é chata, sim.
Ficamos calados, até que resolvi perguntar.
-Você não fica mais com a Manu?
-Não.
Ele respondia sem dá importância!
-E porque não?
Me atrevo.
-Ontem eu disse pra ela que não daríamos certo. E ela, bom, não entendeu muito bem. Como ficou sabendo disso?
-Existe uma coisa chamada Internet, caso você não saiba. Ela mudou o status de relacionamento pra solteira. Eu digo rindo.
-Ah, pensei que você tivesse visto...
-Visto o que? O tapa que ela te deu? Vi também.
-Ah.
Ele respondeu sem jeito.

-Vamos lá pra fora? Aqui tá mó chato.
Ele dizia se levantando.
-Já parou pra pensar que talvez eu goste de assistir palestras sobre drogas?
Eu dizia sorrindo.
-Não, porque você não gosta!!! Vem.
Ele me puxava. E saíamos discretamente pra fora do auditório. Nem notaram nossa ausência já que estávamos nas últimas filas.

Como pensei, o Gabriel e o Nando estavam fora da palestra. E saíam desconfiados olhando pros lados o tempo todo, pro fundo de um dos enormes pavilhões.

-Você ainda anda se encontrando com o tal de Enzo?
Ele perguntava fingindo não dá importância.
-Quase não o vejo, porque?
-Porque acho melhor continuar assim, aquele menino é encrenca. Todo mundo fala!!!
-Ele é legal.
Eu dizia me sentando em um banco do corredor.
-Defendendo o amiguinho? Ou melhor o ficante nas horas vagas?
-Ele não é meu amiguinho, nem ficante em horas vagas. Se você não fosse o Leo que não tem ciúmes de ninguém, poderia jurar que está com ciúmes de mim.
-E se eu tiver?
Ele dizia se virando pra mim, e me encarando.

O corredor não tinha muitos alunos, a maioria havia ido pra casa pra não assistir a tediante palestra. Ou estavam no auditório, era a hora perfeita pra nos beijarmos, mais eu me afastei assim que ele se aproximou.

-Vamos pra casa? Depois dessa palestra não vai ter aula.
Eu dizia me levantando tentando agir normalmente. Não havíamos terminado nossa conversa daquela tarde, ele não tocou mas no assunto. E eu também não tocaria!
Eu evitaria sair aos beijos com ele, enquanto não conversávamos sobre o assunto, e isso seria um problema.
-A Isa comentou comigo que sua mãe viajou. Você tá dormindo sozinha em casa?
Ele perguntava enquanto íamos pra fora do colégio.
-Com o Caio e o Andrei. Mas o Caio nunca tá em casa. E o Andrei vive trancado com a Isa no quarto.
-Eles estão juntos?
-Mais ou menos, é complicado.
Continuamos conversando no caminho de casa, sem prestar muita atenção, enquanto atravesávamos a rua. Um carro buzinou praticamente em cima de nós dois.
-Ei cara, você é maluco ou o que?
O Leo falava assustado e com raiva pelo modo em que a buzina nos assustou.
-Calma Leo.
-Olha por onde anda babaca!!!
Aquela voz eu conhecia, aquele tom de ignorância. Devia ser o Enzo.
Olho pro lado e minhas dúvidas são tiradas, era o Enzo realmente.
-E aí branquinha. Quase que é atropelada, mais cuidado da próxima vez viu!!
Ele dizia com um sorriso malicioso no rosto.
-Oi Enzo.
Digo sem jeito.
-Agora pronto.
O Leo retrucava.
-Quer uma carona?
O Enzo perguntava fumando um cigarro e ignorando a presença do Leo.
-Não, obrigada. Tenho que ir. Até mais!!
Eu dizia forçando um sorriso.
-Nos vemos por aí branquinha. Até logo!
Ele dizia fechando o vidro do carro e saindo.
-Apelido carinhoso entre vocês? "Branquinha"? Fala sério.
Eu não respondi apenas sorri de canto e continuamos andando.

Era engraçado, o Leo estava com ciúmes de mim. E o Leo nunca sentiu ciúmes de ninguém.