De repente, decepção!

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-Ah, Oi Carina. Estava precisando mesmo bater um papinho com você.

A Manu disse com um sorriso cínico.

-O meu nome é Catarina.

Respondi sem nenhuma delicadeza.

-Lila, vamos sair daqui por favor, vem.

O Leo disse me puxando ele estava muito nervoso.

-Não, ela não vai sair daqui até você contar. Se preferir eu conto!

-Contar o que?

Perguntei soltando a mão do Leo. Eu estava nervosa, aflita e com a respiração ofegante.

-Nada Lila, vem por favor!!!

Ele insistiu.

-Não vai falar Leozinho? Então eu falo. Sabe esse bebezão lindo aqui na minha barriga? Pois é, o Leo é o pai. Demais né? Imagina se ele nasce com esse pá de olhos azuis e com esse sorriso maravilhoso? Haha, se você quiser pode ser a madrinha, já que o Leo me disse que você é SUPER amiga dele.

Parece que minha mente não conseguia processar aquilo tudo, minhas pernas ficaram bambas, a Lila mandona e durona havia sumido, eu não conseguir conter as lágrimas, não era possível, fui enganada novamente, mas uma vez, dessa vez pelo meu melhor amigo, namorado, ficante, seja lá o que nós éramos. Aquilo não podia está acontecendo, não mesmo.

Agora tudo estava se encaixando, a Manu soltando aquelas piadinhas no supermercado, todas as vezes que o Leo parecia nervoso quando conversava com o Miguel, como aquele "conselho" na casa dele soou estranho. Por todo esse tempo eu fui enganada.

-Lila, eu posso explicar.

O Leo disse atordoado com a voz falhando.

-O que você pode explicar Leonardo? Que eu sou uma idiota e achei que você fosse diferente, ou que você mente super bem? Meu Deus cara, como eu fui tão ingênua? Como?

-Bom gente, aviso dado né. Então vou indo nessa. Ah Leozinho, quando você escolher o nome do nosso filho me da um toque, o número é o mesmo da noite passada.

Manu piscou o olho e saiu.

-Lila, eu não tive culpa, eu não podia imaginar que isso iria acontecer, sério, eu não lembro de ter dormido com a Manu foi no aniversário da Isa, eu estava bêbado, ela me levou em casa, quando acordei estávamos na mesma cama, eu não fazia idéia que isso iria acontecer, que seria desse jeito. Me desculpa!

-Leonardo, chega! Chega. Eu não mereço isso, eu mereço certeza, mereço alguém inteiro, alguém de verdade, que não me esconda as coisas. Eu nunca menti pra você, você me traiu da pior forma possível, quando iria me contar que engravidou uma garota enquanto nos resolvíamos? Corta essa de que estava "bêbado" e não sabia o que estava fazendo, sabia sim, você conhece a Manu, conhece o tipo dela. A questão é, você sempre foi assim? Um grande mentiroso ou eu só percebi isso agora? Eu tinha a imagem perfeita de você, como melhor amigo, como namorado, como homem, como tudo. Você não é nada do que eu pensei que fosse.

-Lila, por fav...

-NUNCA, nunca mas fala comigo entendeu? Eu te odeio Leonardo.

-Catarina, por favor, eu amo você, me desculpa. Por favor branquela, eu realmente não lembro de ter dormido com a Manuella eu estava bêbado.


Olhei pra cima, tentei limpar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, mas não adiantou, suspirei e sai andando ainda com as pernas trêmulas.
Manuella havia conseguido o que tanto queria, engravidar do Leo a essa altura do campeonato pra ela, parecia perfeito, era um ponto extra. O pior de tudo era que eu não tinha ninguém, ninguém pra desabafar, minha melhor amiga estava longe, longe de mim.
Talvez o problema fosse eu, talvez as coisas tinham que dá errado.

-Lila, espero por favor. Eu preciso falar com você, eu ia te contar, eu só não sabia como, eu não sabia qual era o momento certo.

Eu o deixei falando sozinho, e tentei apressar os passos, eu não iria pra casa, com certeza o Leo me procuraria lá, fiz sinal com a mão e um táxi parou do meu lado, sem olhar pra trás segui adiante. Eu tinha que ficar sozinha, naquele momento, era preciso. Ou melhor, naquela noite.


Quando eu e a Isa tínhamos nove anos a vó dela costumava nos levar para um parque um pouco longe da nossa casa, em uma avenida pouco movimentada, foi lá que aprendemos a andar de patins e de bicicleta, era pra lá que íamos todas as tardes de domingo quando queríamos nos divertir de verdade, era pra lá que íamos todos os sábados que queríamos fugir um pouco da rotina cansativa. E foi pra lá que eu fui naquela noite.


Não tinha ninguém no parque estava escuro, eu até me incomodaria com aquela escuridão toda se eu não tivesse tantas outras coisas para me preocupar.

Me sentei em um dos balanços, o mesmo que sentava quando criança, o azul, o último balanço, talvez tenha sido lá que eu comecei a gostar tanto de azul.
Agora eu podia fazer o que eu estava prendendo e evitando por tanto tempo, a cada balançada que dava mais e mais lágrimas caíam. Naquela noite, chorei por tudo, chorei pelo o ocorrido com a Manu e o Leo, chorei pela Isa, chorei pelo meu pai com quem eu convivi tão pouco tempo, chorei pelo meu cachorro que se chamava xodó e morreu envenenado nas férias na casa da minha avó, e principalmente chorei por mim.

Melhor amigo, ou namorado?Onde histórias criam vida. Descubra agora