Então curta.

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-Lila, onde você tava? Onde passou a noite? Eu deixei a porta aberta pensando que você voltaria pra casa. Você tem sorte que a mamãe não dormiu em casa.

O Caio dizia afundado em uma pilha de livros, o que era estranho, o Caio nunca foi estudioso.

-Eu dormi na casa da Carol.

-Por que seu rosto tá inchado? Essa tal de Carol se chama Leonardo Brenner? Você dormiu na casa do Leo não é?

-O assunto não tem nada a ver com o Leonardo, eu não dormi na casa dele.

-Nossa, você nunca chama ele assim, é sempre Leo. Aí tem coisa!!!

-Não, não tem.

Eu disse fechando a porta e subindo pro quarto.

Passei a noite no parque, "dormi" lá mesmo, pra falar a verdade, não preguei os olhos a noite inteira, eram mil pensamentos em um só minuto, era demais pra mim.

Tomei um banho, e me deitei, sempre acontece aquele lance depois de passar horas chorando dá um sono sem tamanho.
E eu resolvi dormi, para fugir dos problemas, pelo menos tentar fugir.

-

LEON MOTTA: Menina Catarina, preciso falar com você, como você está sem seu celular, vai ser aqui mesmo. Eu e a Cintía vamos viajar, eu preciso me tratar, não quero mais guardar esse segredo, estou com uma doença bem grave, fui diagnosticado com câncer, e vou procurar tomar todos os medicamentos e seguir as intrusões do médico,  portanto a livraria vai fechar, eu sei que você gosta muito do seu trabalho, livros é com você mesmo, você pode escolher qualquer livro que quiser, é um presente meu para você, para a funcionária mais eficiente que já se passou nesses 12 anos nessa livraria, afinal você fez as vendas aumentarem bastante nos últimos meses.  Viajaremos na semana que vem, quero que venha buscar seu pagamento. Até mais!

LEONARDO BRENNER: Lila, você não tá entendendo, eu juro, juro que ia te falar, mesmo não lembrando de ter dormido com a Manu, eu ia te contar só não sabia como. Me desculpa, preciso falar com você :(

Respondi o seu Leon imediatamente, o melhor patrão de todos os tempos iria embora,  eu passei várias tardes da minha vida conversando e escutando as mil e uma histórias que ele tinha para contar. Sem dúvida, ele faria bastante falta na cidade, e eu rezaria muito para dá tudo certo.

Já a mensagem do Leo foi visualizada e ignorada com sucesso. Isso de me decepcionar com as pessoas não era mas novidade, mas me decepcionar com o Leo, era uma novidade. Logo ele que sempre disse que o Gabriel não me merecia, na verdade ele estava certo, não merecia. E ele também não, não enquanto continuasse me enganando e me escondendo coisas.





-Filha, você passou o dia trancada no quarto quer comer alguma coisa?

Minha mãe perguntava entrando no meu quarto, muito bem arrumada.

-Não, pra onde você vai?

-Vou sair com o Marco, o Caio também vai sair, vai jogar boliche com o Andrei e a namorada doidinha dele.

-A Jessica..

-É, ela mesmo. Você deveria ir junto, se divertir um pouco.

-Não, vou ficar por aqui mesmo.

-Filha, a vida é curta, então curta. Seja lá o que esteja acontecendo, você não deveria se trancar no quarto e parar de viver, eu percebi a sua falta de ânimo a alguns, e essa não é a Lila que eu conheço.

-Tá mãe, pode deixar. Eu vou curtir minha noite!!!

-Acho bom.

Ela sorriu e saiu do quarto.

É claro que eu não iria curtir minha noite, mesmo tendo vários lugares pra ir, me faltava vontade e uma companhia, sair sozinha perambulando por aí não estava na minha lista de vontades.

Desci pra sala e fiquei atoa no sofá, de cara pra cima, até que ficar sozinha em casa em uma sexta a noite não era tão ruim assim.

-Ei, trouxe um sanduíche pra você, sua mãe disse que você estava sozinha em casa  "largada" como irmão mas velho é meu dever cuidar, ou melhor alimentar você.

O Enzo disse parado na porta com um sorriso no rosto.

Retribui o sorriso, mesmo sendo um sorriso fraco.

-Obrigada, eu realmente tava morta de fome. Valeu!!!

-Nossa, você sabe falar "obrigada"? Eu achei que meninas como você não falassem isso.

Ele riu.

-Meninas como eu?

Perguntei

-É, você sabe que é bem diferente da maioria das meninas não é? O seu jeito, independente, cara fechada e pávio curto não é bem o tipo de agradecer um sanduíche em uma sexta noite, que um humilde jovem se disponibilizou em trazer.

-Não seja dramático, Enzo.

-Mas e então, me conta, o que aconteceu? Por que está largada nesse sofá.

-Nada, só estou com fome.

Eu disse dando uma mordida no sanduíche.

-Corta essa Lila, pra você está assim com esse rosto inchado, com uma blusa cor de madeira e um short amarelo deve ter algum motivo, você não é nenhuma blogueira de moda, mais qualquer pessoa sabe que esse seu look pra uma sexta a noite não está combinando nadinha.

Ele continuou rindo.

-Você veio aqui pra me zoar?

-Vim aqui pra saber o que está acontecendo, mas pelo visto você não confia em mim..

-Eu confio em você.

-Então me fala, o que aconteceu?

Eu jamais imaginaria que o Enzo fosse tão gente boa assim, depois que eu o conheci, o conheci de verdade, percebi o quão gente boa ele era, como ele se importava com os amigos, mesmo sendo bruto e desapegado. O Enzo que eu conheci na festa da Isa não era nada parecido com o Enzo que estava sentado na mesa de jantar comigo em uma sexta a noite pronto para escutar eu falar dos meus problemas, no fim das contas eu ainda tinha um amigo, um amigo de verdade. Um pouco fora do padrão talvez, mas ainda sim um amigo.

Melhor amigo, ou namorado?Onde histórias criam vida. Descubra agora