Capítulo 3 - Confusão

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O professor entrou na sala e todos que estavam em pé sentaram-se rapidamente. Era aula de Geografia. Ele nos deu rápidas boas vindas e já foi começando a falar sobre o que iríamos estudar no bimestre, assim, sem nem perguntar o que fizemos em nossas férias, o que na verdade pra mim era ótimo, já que não fiz absolutamente nada de legal.

Nem prestei atenção no que o professor dizia, fiquei apenas observando os alunos, tentando imaginar o que cada um estava pensando... Todos pareciam tão felizes, que eu cheguei a quase invejá-los, mas espantei esses pensamentos bobos pra longe de mim e voltei a prestar atenção no que Paulo, o professor, estava dizendo. Nossa. Ele já estava explicando uma matéria de prova. Olhei assustada.

- Ele é sempre assim. - Bernardo cochichou pra mim. - Se estiver com dificuldades posso... Hum... Posso pedir para o Caio te ajudar. - falou rindo

Eu também ri. Mas voltei a olhar para o professor, que parecia nem perceber o quanto nós estávamos por fora da matéria. Mas me forcei a ouvi-lo e anotar o que eu considerei importante, até que fomos liberados para o intervalo. Fui saindo acompanhando a turma, mas antes peguei as blusas para devolver ao diretor.

- Julieta, você quer lanchar com a gente? - Lorena convidou.

- Não posso. Tenho que ir no diretor.

- Ah, tudo bem. Nos vemos daqui a pouco.

Fui em direção à sala do diretor e bati na porta, mas percebi que lá dentro estava se desenrolando uma pequena discussão, que mesmo sem querer eu acabei ouvindo.

- Você não vai a essa festa!

- Mas por quê? Todos os meus amigos vão!

- Não chame aqueles moleques de amigos! Por favor filha, você sabe muito bem onde tudo isso vai acabar.

- Chega, pai! Não dá mesmo pra conversar com você!

Ouvi o barulho de cadeira e presumi que a pessoa que estava lá iria sair, então liberei a passagem. Em segundos, a porta se abriu violentamente e uma menina bem parecida com o diretor saiu andando com rapidez até sumir no corredor. Contudo, o diretor continuou sentado em sua cadeira com as mãos na cabeça parecendo preocupado, eu não tive como interromper, apenas entrei e deixei a sacola em cima de sua mesa.

- Obrigada senhor. - falei e saí indo em direção a minha sala, sem esperar nenhuma resposta.

***

Já na sala, tomei um susto ao ver que havia uma mensagem da minha mãe brilhando na tela do meu celular.

"Julie, como está indo o primeiro dia na escola nova? Espero que muito bem, quando eu chegar em casa a noite, quero saber de tudo, ok? Mas preciso de um favor seu. Não vou chegar a tempo de buscar vocês na escola, então você vai ter que pegar Joaquim depois de sua aula. Não se preocupe, é bem perto da sua escola."

Ela ainda mandou outra mensagem, dessa vez com o endereço da escola de Joaquim. O único pensamento que eu tive foi de que ela só poderia estar louca. Era isso. Bateu com a cabeça e está realmente achando que depois de ter... Argh! Refreei meus pensamentos, antes que tudo aquilo voltasse a minha mente como uma enchente que destroi tudo por onde passa. O fato é que eu não iria sozinha para lugar nenhum. Não mesmo.

***

A aula terminou, mas com seu fim, eu fui invadida pelo medo do que eu teria que fazer naquela hora. Mas ao contrário do que pensei, eu consegui colocar o pé para fora do prédio da escola, e fiquei sentada em um dos bancos que ficavam em baixo de árvores antes do portão de entrada. Coloquei meu celular pra tocar e fiquei olhando para o chão, observando o movimento dos meus pés se balançando, em meio as lágrimas que eu não consegui conter. Não sei o que eu estava esperando. Mamãe cair em si talvez? Ou... Sei lá. Olhei no relógio, e vi que já havia se passado quase uma hora. Eu não poderia ser tão covarde. Joaquim não precisava lidar com os meus medos.

Num surto de coragem me levantei e conferi o endereço da escola de Joaquim. Saí andando na direção que mamãe havia ido quando me deixou na escola. Caminhei por cerca de vinte minutos, até que vi um prédio pintado de azul claro e com vários desenhos infantis. Respirei aliviada porque tinha chegado, mas meu coração quase deu um pulo quando vi que Joaquim estava entrando em um carro estranho.

- Não!- gritei desesperada, enquanto um garoto que parecia ser um pouco mais velho que eu fechava a porta.

Sem pensar corri até lá e me lancei sobre o garoto batendo nele. Eu não pensei duas vezes, fui invadida por uma dose cavalar de adrenalina, e todo medo que eu sentia se foi, naquela hora eu só queria proteger meu irmão.

Mas logo vi que meus tapas não estavam surtindo efeito. Óbvio. Eu nunca tinha brigado com ninguém. O garoto segurava meus braços de forma cuidadosa, sem me machucar, mas também forte o suficiente pra que eu não o machucasse.

- Você está louca? - o garoto perguntou quando me imobilizou por completo.

- Você está sequestrando meu irmão! Tira ele daí. - falei tentando me soltar.

- Calma, eu não estou sequestrando o Quim. - ele falou rindo e me soltando.

- O... Quem? - perguntei tentando me acalmar.

- O Joaquim, eu o apelidei de Quim, é mais adequado para uma criança de seis anos.

Eu não estava mais ouvindo, agora tentava abrir a porta do carro.

- Calma, eu não vou roubar seu irmão. - disse pegando na minha mão que estava na porta, em um tom manso, como se não estivesse com raiva por eu ter tentado lhe dar uma surra

Tirei minha mão da sua e desviei o olhar.

- Só quero levar meu irmão pra casa. Pode ser? - disse num tom áspero.

- Tudo bem. - o garoto falou abrindo a porta.

Joaquim estava lá dentro, jogando em um celular, enquando conversava com uma garotinha  que estava ao seu lado.

- Julie! - ele gritou quando percebeu minha presença. - Você chegou. Entra! - ele chamou animado.

- De jeito nenhum! Não vamos pra casa com um estranho.

- Se ajudar, meu nome é Benjamim.

- Eu não quero saber. Com licença. Vamos Joaquim.

- Mas Julie...

- Vem Quim, seja bonzinho com sua irmã, ainda que ela seja uma maluca.- ele disse apertando levemente a bochecha de Joaquim o desprendendo do cinto. - Nos vemos por aí. Diga tchau pro seu amigo Vivi.

- Tchau Quim. - a garotinha disse e deu um beijo na bochecha do meu irmão, que o fez corar.

- Tchau tio Ben.

Ele saiu do carro, eu peguei em sua mão e nós saímos andando, mas eu ainda pude ouvir Benjamim dizer: "Não há de quê, senhorita." Aumentei os passos até que saimos do seu campo de visão.


***
Olá meus amores! Como vocês estão? Espero que bem. Bom, primeiro quero agradecer a todos os leitores do livro, vocês são maravilhosos, em especial a @SanCrys que sempre me ajuda muito, obrigada amiga! Em segundo peço desculpas pela demora no capítulo, mas estava sem internet. E por último, mas não menos importante, quero dizer que saber a opinião de vocês é muito importante pra mim, então não saiam daqui sem comentar dizendo o que acharam do capítulo e votar! E é só. Beijos lindezas do meu coração. Deus abençoe e tchau!

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