Encontro (COMPLETO)

Capítulo 32 - Casa de vó

Descemos do carro e a primeira coisa que eu percebi é que agora o sítio estava murado, e no lugar do velho portão de madeira que já dava uma bela visão do lugar, estava um portão de ferro.

- Vovó!  Vovó! - gritei, e Benjamim riu. - O que foi?

- Tem campainha, Julie. - disse, apertando o botão duas vezes rapidamente.

- Seu bobo. - falei, batendo de leve em seu braço, e por um instante eu fiquei observando Benjamim de um jeito diferente.

Quando foi que nos tornamos tão próximos? Como ele havia rompido tão rápido todas as minhas barreiras? Eu não entendia, mas era bom ter alguém com quem contar.

- O que foi? - ele perguntou, sorrindo, com as mãos no bolso da bermuda.

- Nada não. - eu falei, abraçando Benjamim. - Obrigada por tudo.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa o portão se abriu, meu coração deu saltos, mas quem estava lá dentro era Brenda, a filha do tio Claudio. Ela estava com os cabelos molhados, um short frouxo e a parte de cima de um biquíni florido. Sorriu, surpresa ao me ver.

- Julieta! - falou, me puxando pra dentro. - Entra aqui. Caraca, eu nem acredito que você está aqui, a vó vai adorar te ver. - falou, me apertando num abraço. - A gente estava com saudade.

Eu a abracei de volta, embora não estivesse esperando essa reação dela, nós nunca fomos amigas, mesmo quando éramos as únicas da mesma idade passando férias com a vovó no sitio, mas um pouco de afeto não fazia mal a ninguém.

- Ah, esse aqui é o Benjamim. - falei.

- Oi, prazer. - ele disse, apertando a mão de Brenda.

- O prazer é todo meu . - ela disse analisando o ruivo da cabeça aos pés. - Bom, vamos né? Estão todos na piscina. Sigam-me.

- Agora tem piscina aqui? Quando eu vinha pra cá só tinha aquele laguinho.

- E ainda tem, mas agora estamos morando aqui, papai achou legal fazer uma piscina, a corretora está indo muito bem.

- Que ótimo.

Chegamos na área da piscina, tio Claudio estava sentado com vovó em uma mesa com guarda-chuva, ela estava lendo um livro de capa avermelhada.

- Cuidado pra ela não se assustar, vovó andou tendo uns problemas no coração. Vou na cozinha chamar a mamãe e já volto. - Brenda disse e em segundos sumiu do meu campo de visão.

Eu parei na metade dos poucos metros que me separavam de vovó e suspirei. Estava tudo diferente, mas o lugar ainda era tão aconchegante como antes. Parecia que ainda tinha lugar pra mim.

- Me espera aqui, por enquanto. - pedi a Ben.

- Beleza.

Fui até vovó bem devagar, tio Claudio levantou a cabeça e demorou alguns segundos para esboçar qualquer reação,  como se estivesse tentando me reconhecer.

- Julieta? - ele estranhou.

Eu assenti e dei um abraço rápido nele. Vovó virou-se pra trás imediatamente e seus olhos estavam cheios de lágrimas assim como os meus.

- Vó, sou eu, a Julieta.

- Eu sei minha filha. Eu sabia que Deus não ia me levar sem que antes eu visse você mais uma vez.

Eu me abaixei pra ficar na altura em que ela estava na cadeira e a abracei, deitando minha cabeça em seu colo. E como era bom colo de vó.

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