Encontro (COMPLETO)

Epílogo - Novo nascimento

Eu estava prendendo um lacinho no meu cabelo quando Ben apareceu na porta do meu quarto.

- Oi. - ele falou. - Você está linda.

- Obrigada. - eu disse, corada.

Benjamim estava agindo diferente comigo, mais sorridente, e agora que eu sabia que ele ia viajar por um ano nós estávamos mais próximos do que nunca, eu nem sei dizer o tamanho da falta que ele ia fazer, mas eu adimirava ainda mais sua atitude de ir pra tão longe ensinar sobre Jesus pras crianças. Conhecer Jesus mudaria a vida delas como mudou a minha, então valeria muito a pena.

Meu irmão Romeu havia chegado pouco tempo depois de quando eu acordei e já tinha dado incontáveis ataques de ciúme por causa de Benjamim, mas no fundo eu sabia que ele gostava do ruivo.

- Julie. A Monique quer ir com a gente, tudo bem pra você?

Lembrei de tudo que ela fez, fiquei tão triste e com raiva de tudo aquilo... Mas uma das coisas que eu estava aprendendo com Jesus era perdoar, então essa era a hora certa pra colocar em prática.

- Claro que pode.

- Certeza? Porque ela pode ir com meus pais.

- Claro que eu tenho certeza, eu não posso ficar sem falar com ela pra sempre. Agora, vamos. A Layla e o Pedro devem estar surtando.

- É verdade. - falou, me estendendo a mão.

Estávamos indo para o culto de Natal que sempre acontecia na igreja de Benjamim, quer dizer, na minha igreja. Depois haveria uma ceia com todos da igreja, à muito custo eu convenci mamãe a ir, claro que pra isso eu tive muita ajuda do ruivo bonitão e de Romeu, meus dois guarda-costas.

- Mãe, já estamos indo.

- Espera, eu preparei uma salada pra ajudar na ceia.

- Não precisava dona Clarisse. - Ben disse. - Pensando bem essa salada da muito apetitosa.

- Seu interesseiro! - acusei, rindo. - Agora vamos senão nos atrasamos.

Eu estava mais ansiosa do que nunca, porque seria uma joite muito especial, de celebração do nascimento de Jesus e do meu novo nascimento.

~~*~~

Quando nós entramos no carro Monique já estava e quase não me encarou, nem cumprimentou. Passamos na casa de Pedro e Layla que entraram no carro muito animados.

- Oi, Julie! - disseram.

- E aí, pessoal! - cumprimentei.

- Oi Monique.

- Oi. - ela falou, com um sorriso amarelo.

Nós fomos o percurso inteiro rindo das brincadeiras de Pedro e Benjamim. Até que Ben falou algo que me chamou atenção.

- Cara, você vai cantar o que quando o pastor te chamar? - Pedro perguntou. - Eu não entendi nada, você quis guardar segredo de todo mundo, quê que é você vai se declarar pra Julie? Isso não é mais segredo pra ninguém...

- Cala a boca, Pedro! - Layla mandou, dando um soco no braço do irmão.

Eu olhei para Benjamim, ele estava com os olhos fixos na estrada, mas eu vi que suas bochechas estavam coradas.

- Não é isso, mas tem a ver com a Julie. - ele disse, com um sorriso.

E eu lembrei de um momento durante o coma em que o Jardineiro me disse que estava preparando uma canção pra mim.

~~*~~

O culto estava ótimo, Samuel sentou do lado de Monique, ele estava diferente de quando nos víamos na escola, vestia uma blusa social branca e o seu cabelo grande estava penteado - que os anjos cantem aleluia por esse milagre. Na hora que o pastor mandou segurarmos as mãos uns dos outros, Sam segurou a mão de Monique de um jeito todo especial.

- Se liga, Monique. O Sam tá afim de você. - cochichei.

Ela riu e cochichou de volta:

- Não sou só eu quem preciso me ligar, o Bejamim ama você. Nem sei porque vocês não estão juntos.

Eu olhei pra Benjamim, que estava tocando no ministério de louvor. Ele me olhou de volta.

- Talvez você tenha razão. - eu disse.

Benjamim recebeu oportunidade para cantar e foi em direção ao pedestal com um violão.

- Saúdo a igreja com a paz do Senhor, essa música que eu vou louvar eu ganhei enquanto eu estava passando por um período difícil, Deus me disse claramente que ela não era pra mim, mas pras outras pessoas, em especial uma garota que eu gosto muito. Deus fez essa canção pra você, Julie.

Eu comecei a chorar naquele momento mesmo, com a certeza de que eu estava no caminho certo.

Que amor é esse, que sabe como construir a ponte para um coração?

Que amor é esse que sabe como sarar uma ferida?

Que amor é esse, capaz de renunciar a grande glória só pra estar comigo?

Que amor é esse, que veio ao mundo pra morrer por mim...
Mesmo sem eu merecer, sem explicação, tocou em minha mão
Me atraiu... O seu sacrifício à preço de sangue me comprou
E me fez entender...

Que teu amor não cabe em mim
Ele transborda não tem fim
Transforma as minhas dores em um jardim de flores

Eu conhecia aquele refrão, cantei junto, mesmo sem saber como é que eu sabia aquela letra.

Aquela canção era real pra mim, veio direto de Deus para o meu coração. Ela era a trilha sonora do meu encontro com Deus. Do momento mais importante da minha vida, o ponto de virada, quando eu conheci Jesus e entreguei minha vida à Ele.

Eu me sentia feliz, livre, como quem tinha acabado de largar um fardo pesado em troca de um leve. Eu sei que tenho um longo caminho para trilhar, nem tudo vai ser bom, mas eu estou disposta a enfrentar, e eu sei que nunca vou estar sozinha.

Coloquei a mão no meu coração enquanto Ben cantava e sussurrei, de todo o meu coração.

- Obrigada por ter me salvado e me amado, mesmo quando eu te rejeitava. Eu te amo, Jesus.

E eu senti dentro de mim que Jesus me respondia: Eu também te amo, filha.