Capítulo 19 - Bomba

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No domingo eu acordei bem tarde e me sentei para assistir no sofá da sala. Mamãe estava na cozinha preparando o almoço e Joaquim foi com Vivi e seu pai para um parque aquático, que ficava em outro bairro. Meu irmão havia ligado e nós dois conversamos por um bom tempo. Ele prometeu que viria para o natal e traria a namorada.

- Romeu vai vir passar o natal com a gente. - eu gritei para minha mãe.

- Sério? Meu Deus. - ela falou pondo a mão no coração como se estivesse surpresa.

- O que foi? - eu quis saber.

- Nada... Mas há quanto tempo não fazemos isso? Uma ceia com todos juntos? Quero dizer, não todos literalmente. Ainda falta o seu pai. Mas a nossa família agora somos nós, temos que conviver com isso.

- É. Muito difícil, não acha?

Mamãe suspirou e veio da cozinha sentar se ao meu lado.

- É MUITO difícil. Seu pai foi um homem incrível, um marido incrível. Eu queria ter tido metade do cuidado que ele teve com nossa família. Se seu pai não tivesse morrido, nada disso teria acontecido.

- Eu penso nisso todos os dias. - falei e me deitei em seu colo. - Eu ainda sinto tanta falta dele.

***

O domingo passou voando e quando eu pisquei já era segunda e eu tinha que ir para a escola. Me levantei sem a menor vontade de sair, na verdade, eu estava com medo de ter que enfrentar a turma de Higor. E se eles quisessem fazer algum tipo de revanche maluca contra mim? Eu não queria nem pensar nessa possibilidade.

Afastei o pensamento da minha cabeça, me arrumei e desci para tomar café.

- Você quer mesmo ir? - mamãe perguntou entre um gole de café e outro.

- Na verdade não. Mas tenho que me reunir com minha equipe do seminário.

- Promete que se tiver algum problema você vai me ligar?

- Prometo, mãe. Só que não vai acontecer nada, tá? - falei, mesmo sem ter certeza disso.

Ela suspirou.

- Tudo bem, agora temos que ir, ou então eu vou me atrasar para o trabalho. Vamos, vamos Joaquim.

- Ainda tô comendo, mamãe. - ele falou, com a voz cansada por causa do dia anterior, que ele havia passado com Vivi.

- Não temos mais tempo. - ela falou se levantando da mesa.

Fui para a sala e depois de alguns minutos saímos e eu cheguei na escola.

***

Quando desci do carro a primeira coisa que vi foi Monique com seus amiguinhos, os quais ela não deveria nem cumprimentar novamente. Pareciam estar cochichando algo, e assim que ela me viu na entrada do colégio a rodinha de conversa se dispersou.  E eu tive a leve impressão de que estavam falando de mim, mesmo assim fui direto pra sala, falaria com Monique depois, primeiro eu queria encontrar o Sam.

Entrei na sala e o vi no fundo, no seu lugar de sempre, com seus fones de ouvido e uma mecha de cabelo cobrindo o olho esquerdo. Me aproximei devagar, tentando não ser tão brusca quanto fui da primeira vez.

- Sam. - chamei tocando seu ombro de leve.

Ele olhou para mim rapidamente e tirou os fones.

- Julieta, ou devo dizer Bela Adormecida? - falou num tom que eu não consegui discernir se Sam estava me zoando com boas ou más intenções.

Ele deve ter percebido minha expressão confusa, porque logo continuou:

- Foi bom o soninho? - perguntou rindo.

- Seu idiota... Desculpa tá? Eu não planejei tudo aquilo.

- Tudo bem, você não estava fazendo muita coisa mesmo.

- Sam! - gritei dando um tapinha em sua barriga, o que o fez se remexer todo e tirar a mecha do olho, e então eu vi seu olho roxo. - Ah meu Deus! O que houve com você? Isso foi aquele brutamonte? - perguntei tentando ver a extensão do ferimento.

- Calma menina! - ele pediu tirando minhas mãos de seu rosto. - Estou bem, foi apenas um acidente de percurso.

- Mas...

- Está tudo bem, Julie. Mas e você como é que está? Você desmaiou, achei que aquele covarde tinha te batido.

- Não, se ele acertou algo em mim foi só de raspão, o problema mesmo é que eu tive...

- Um ataque de pânico. Eu sei. - ele falou com a voz mais fraca.

- Você... Sabe?

Sam baixou ainda mais a cabeça e respirou fundo.

- Eu sei o que aconteceu com você, Julie. Sei de tudo.


Encontro (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora