Capítulo 25 - Dias difíceis

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Benjamim me levou pra casa, não desgrudou de mim nem por um segundo enquanto eu contava todos os detalhes do meu passado. Contei cada bobagem romântica que Alex me falou, falei da traição dos meus amigos, e tudo que me levou a cair na lábia daquele homem. Ele xingou, esmurrou a parede, e no final estávamos os dois abraçados na frente da minha casa, sendo observados pela minha mãe.

- Que bom que você está aqui. - Benjamim falou, pesaroso.

- Eu não sei. Às vezes acho que teria sido muito melhor que eu tivesse morrido naquele acidente...

- Não diga isso. Tantas coisas ruins te aconteceram... Se você ainda está aqui é porque existe algo de muito grande pra ser feito em sua vida. Julie, você é uma sobrevivente! Meu Deus, como devem ser maravilhosas as coisas que virão na sua vida!

Benjamim falava com tanto entusiasmo que eu realmente estava querendo acreditar nessa perspectiva otimista sobre o meu futuro, mas sendo realista eu não me via tão bem assim.

Como eu poderia ser feliz levando um peso tão grande dentro de mim?... Imediatamente lembrei do versículo que eu havia lido na sala do diretor no primeiro dia de aula. Falava algo sobre alívio das cargas. E era exatamente disso que eu precisava.

- Que tal irmos na igreja amanhã?

- Claro, podemos ir.

- Então tá marcado. A gente se encontra às seis e quarenta e cinco. Agora você precisa descansar, Julie. Já está tarde.

- Eu sei, e eu estou com muito sono. Boa noite, Ben.

- Boa noite, Julie... Você vai ficar bem?

- Vou sim. - falei, estampando o meu melhor sorriso.

- Nos vemos amanhã então.

***

Dormi rápido e profundamente, e nem percebi quando o despertador tocou, o que me fez ser acordada pelo meu irmão aos pulos na cama... em cima de mim.

- Acorda! Acorda! Acorda! - ele gritou.

- Ai! O que foi?! - perguntei num misto de sono, e irritação.

- A mamãe tá esperando a gente pra escola e você ainda tá dormindo.

- Ah, que susto! - falei, respirando melhor. - Me espera lá em baixo que eu já desço.

Joaquim saiu de cima de mim, e eu fui direto para o banheiro tomar um banho rápido, apesar de precisar de um daqueles banhos intermináveis que as garotas costumam tomar. Vesti a farda e enrolei o cabelo num coque, já que pra eu conseguir penteá-lo de verdade levaria muito tempo.

Desci as escadas, pulando os degraus de três em três e encontrei minha mãe já no carro, de motor ligado.

- Bom dia. - falei entrando e colocando o cinto.

- Preparei um sanduíche pra você, e trouxe suco. - ela disse me olhando.

- Obrigada. - disse pegando o lanche.

Devorei a comida em poucos minutos, e depois virei meu rosto pra janela, acompanhando o movimento da rua.

- Pra onde você foi ontem a noite? - minha mãe perguntou, quebrando o silêncio.

- Na sorveteria. Esfriar a cabeça.

Ela não riu da minha piada, e o silêncio se instalou entre nós. Minha parada chegou e eu desci na escola, apenas me despedindo dos dois com um "tchau" sem graça.

Encontro (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora