Capítulo 2 - Folheto

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Demorei alguns segundos para responder a pergunta que minha mãe havia feito.

- Julieta? - ela chamou.

- Oi mamãe.

- Não vai descer, e entrar na escola?

Respirei fundo e tirei o cinto de segurança.

- Vou. - falei, quase em um sussurro.

- Então, faça isso logo, ou todos vamos chegar atrasados.

- Já vou mãe.

Desci do carro, e se isso não fosse muito bobo, eu poderia jurar que estava tremendo.

"Calma" disse para mim mesma.

- Não esqueça de pegar o uniforme na sala do diretor. - mamãe falou. - Tenho que ir. Vai ficar bem?

- Vou sim. - respondi, tentando parecer firme.

O porteiro abriu o portão para que eu entrasse.

- Bom dia. - ele falou.

- Bom dia. - respondi, sem fazer qualquer contato visual.

Caminhei até o prédio da escola, e entrei, sob os olhares furtivos dos outros alunos, que pareciam ver algo mais interessante em mim do que no seu bate papo sobre as férias. Andei pelos corredores procurando a sala do diretor. Até que uma voz atrás de mim, fez meu coração dar saltos de medo.

- Está procurando a sala do diretor?- uma garota de cabelos ruivos e pele sardenta perguntou.

- Estou. - respondi, timidamente.

- É pra lá. - apontou para o corredor a minha direita.

- Muito obrigada... É...

- Monique. Eu me chamo Monique. - falou estendendo a mão. - E você, qual seu nome?

- Julieta.

- Julieta? - disse com ar divertido. - E onde está o seu Romeu?

Arg. Que piada de mau gosto. Ela me trazia péssimas lembranças, e acho que transpareci mais do que devia, pois logo Monique se defendeu.

- Ops, acho que falei o que não devia né?

Não respondi.

- Obrigada pela informação Monique. Preciso ir agora. - falei rapidamente.

- Ok. - disse levantando as mãos. - A gente se vê por aí, então.

Assenti.

Andei até o final do corredor e bati na porta da sala do diretor, onde estava escrita em uma placa metálica: Sr. Aurélio.
Prontamente, um homem alto e de olhos azuis, que parecia muito mais americano do que brasileiro, abriu a porta para mim.

- Pois não? - falou ajeitando os óculos.

- Sou Julieta, a aluna nova do segundo ano.

- Ah sim, pode entrar. Sente-se. - disse me dando espaço para passsar pela porta.

Eu sentei na cadeira, e permiti que meus olhos passeassem pela sala. Havia uma janela, no canto direito que dava para a entrada do colégio, um banheiro, no lado oposto, e quadros na parede, com os diversos diplomas que o diretor tinha, e cartazes com alguns dizeres e um deles me chamou atenção por quase um minuto:

Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso.
Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso.
Os deveres que eu exigo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é leve.
Mateus 11: 28, 29, 30.

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