Prólogo - Apenas um Pesadelo + Book Trailler

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Eu estava me sentindo tão bem. Era como o paraíso, estar ali com meu pai, naquele jardim lindo, em meio a flores de todos os tipos, inclusive as minhas preferidas: Violetas. Era simplesmente mágico. Nós corríamos de um lado para o outro, brincando de pique esconde. Há tempos não faziamos isso, papai se escondeu atrás de um pequeno arbusto, como se eu realmente não conseguisse vê-lo.

- Eu estou te vendo! - gritei e corri para abraçá-lo

Papai veio em minha direção e me abraçou forte, ele sorria, e tinha o sorriso mais lindo do mundo.

- Julie, você é minha princesinha. Não existe garota mais linda nesse mundo do que você.

Eu apenas sorria para ele, não tinha palavras para expresssar o quanto o amava, o quanto eu me sentia segura quando ele estava por perto. Ele se levantou e me fez uma reverência, me convidou para dançar uma valsa, no ritmo de uma música imaginária que só nós dois escutávamos, ele me colocou nos braços, já que eu não conseguia alcançar nem seu umbigo direito.

Então nós bailamos por todo o jardim, e não nos cansávamos de dançar. Eu poderia ter ficado para sempre ali, mas papai me soltou abruptamente, ele estava com algum problema, só que eu não sabia como ajudá-lo... E ele se contorcia de dor, e eu apenas chorava, e pouco a pouco a imagem dele já não estava ali.

- Papai! Papai! Não vá! Fique comigo!

Não obtive resposta. Senti o desespero tomar conta de mim. O jardim, que já não estava tão lindo e colorido, dava lugar à uma floresta densa e escura. Me levantei e tentei correr, mas alguém me segurou. Era um homem, mas eu não conseguia ver seu rosto, em meio a toda escuridão. Ele parecia tão confiável quanto meu pai.

- Papai! Você voltou! - gritei e me aninhei em seus braços, ainda chorando.

- Eu não sou seu pai. - respondeu, com um tom frio que eu já conhecia muito bem.

Senti um frio na espinha, eu conhecia aquele homem, ele protagonizara meus piores pesadelos. Eu voltei a chorar, com mais desespero do que antes, e esperneava em seus braços, mas eu não era forte o suficiente para me soltar.

- Socorro! Me larga! Pai! Pai!

- Ninguém vai te ouvir daqui! Pode gritar à vontade. - ele dizia de um jeito maléfico.

Eu gritei até que tudo aquilo não passava de mera escuridão, eu permaneci parada, por segundos que mais pareceram uma amostra grátis da eternidade, até que alguém de mãos leves me sacudiu sem nenhum vestígio de delicadeza.

- Julieta! Julieta! Acorde agora!

Eu ainda estava atordoada e minha cabeça latejava. Depois de quase um minuto me recuperando do que parecia ter sido apenas um sonho, ou melhor, pesadelo, reconheci que era minha mãe quem estava falando comigo. Chorei abraçada com ela.

- Julieta, o que houve? - ela perguntou, mesmo já sabendo da resposta.

- Outro pesadelo. Sonho com o papai, mas depois... Aquele homem...

- Shii - ela colocou o dedo indicador em meus lábios pra que eu parasse de falar naquele assunto.

Depois de alguns segundos, ela retomou a palavra.

- Eu estive pensando, Julieta.

Nada bom, essa não era uma forma promissora de começar a falar.

- Não foi uma boa ideia pararmos com as sessões de terapia.

Fiz menção de interrompê-la, mas ela não permitiu que eu o fizesse.

- Eu acredito que você estava melhorando Julie, acho que nós devemos sair e procurar uma nova pscicóloga depois do seu primeiro dia de aula, amanhã, quer dizer, daqui a pouco. - ela disse olhando para o despertador, que já marcava três e quinze da manhã.

Dessa vez não me contive.

- Eu não quero voltar... Não quero ter que contar meus problemas pra outra pessoa. - afirmei, de cabeça baixa.

- Julie...

- Por favor mamãe! Não insista!

Ela suspirou, e colocou suas mãos sobre as pernas e levantou a contragosto.

- Tudo bem, se você não quiser, não adianta tentar. Mas nós vamos estar sempre aqui caso queira conversar.

Revirei os olhos.

Com "nós" ela queria dizer "ela" porque não dava pra conversar com o meu irmão Joaquim de sete anos e com o Romeu, de vinte um, mas que já não morava conosco.

- Nós vamos começar uma nova vida aqui. E eu prometo que... Aquilo nunca acontecerá de novo. - disse me dando um beijo na testa.

Assenti. E voltei a me esconder em meus pensamentos, e nem percebi que ela já estava na porta, pronta pra voltar para seu quarto, até que ela perguntou com lágrimas nos olhos:

- Você vai ficar bem?

Eu pensei antes de responder, mas o dia já estava quase amanhecendo, e eu não queria fazê-la sofrer ainda mais. Sim, eu conseguiria sobreviver às próximas horas. E assenti pra ela, com um leve aceno da cabeça, porém, sem dizer uma palavra sequer.

***
Olá pessoal esse é o prólogo do meu livro, espero que vocês tenham gostado, comentem o que acharam, ok? E votem e indiquem aos amigos se gostarem. E não esquece de adicionar na sua biblioteca! Beijos! Até o próximo capítulo!

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