Pandemônio

12 - Desafiando leis

Samandriel acordou amarrado em uma cadeira de ferro em uma sala minúscula, seus brações e suas pernas estavam amarrados por fivelas de couro.

O anjo olhou para frente e olhando para sua face assustada estavam o Arcanjo Miguel e um outro anjo que vestia um sobretudo cinza fechado e tinha um chicote nas mãos.

- Você demorou a acordar – disse Miguel com uma voz rouca.

- Onde eu estou? – Perguntou Samandriel olhando para os cantos.

- Geneha! – Respondeu o anjo misterioso, que estava ao lado de Miguel, com uma voz calma.

- E quem e você?

Miguel soltou um sorriso e respondeu. – Você já deve ter ouvido falar no Samael não e mesmo?

Samandriel tremeu por dentro. – O carcereiro? – Indagou ele.

Samael soltou uma risada – É um prazer ter você aqui irmão. Vamos nos divertir muito!

Samael era o encarregado de torturar todos os inimigos do Criador que estavam presos em Geneha e nunca saia do grande castelo. Sua face magra misturada aos seus cabelos sujos e caídos até as costas causavam terror em qualquer ser angelical.

- Sabe – O carcereiro prosseguiu – Até você chegar só havia outro aqui comigo! E que isso fique só entre nós, ele já não sente mais nada. – O anjo soltou uma gargalhada medonha.

- Eu só esperei você acordar Samandriel, para dizer que nunca mais irá ver as maravilhas da criação de Deus. Passara a eternidade acorrentado. – Disse o Arcanjo Miguel abrindo um sorriso.

- Eu lhe faço uma promessa Miguel! Você não morrera antes de me ver fora desse buraco.

- Ótimo! Então nunca morrerei – o Arcanjo desapareceu!

- Criaturas dramáticas os Arcanjos, não é? – Disse Samael – E por isso que não tenho a mínima vontade de sair daqui eu tenho tudo o que preciso dentro dessas paredes.

- Para que o papo? – Interrompeu Samandriel – comece logo!

- Teremos muito tempo! Mas se você quer começar, vamos lá. – O carcereiro abriu um sorriso.

Miguel entrou em seu gabinete e Gabriel estava a sua espera no centro do salão.

- Você prendeu Samandriel? – Perguntou Gabriel assim que viu seu irmão entrando pela porta. – O que está acontecendo irmão?

Miguel passou calmamente por seu irmão e sentou em seu trono – Traição Gabriel! Samandriel traiu o Criador! – O Arcanjo disse calmamente.

Gabriel arregalou os olhos – Como assim?

- Ele admitiu na minha frente que é contra aos princípios que estão imperando no Éden.

Gabriel ficou com uma expressão pensativa durante algum tempo. O arcanjo sabia que aquilo era uma oportunidade, era uma forma de seguir com seus planos.

- Gabriel? – Miguel chamou.

- Desculpe irmão – disfarçou Gabriel – Só não estava digerindo a ideia de traição de um dos nossos melhores guerreiros.

Gabriel abaixou a cabeça e desapareceu.

Samandriel estava com a face toda esfolada por conta das chicotadas, porém sua expressão ainda era séria.

- Sabe – disse Samael enquanto tirava uma faca da cintura – você realmente e duro na queda, mas vou lhe contar um segredo; quanto maior o andar maior e o nível de tortura.

- Como assim? – Samandriel estava curioso.

Samael enfiou a faca na mão esquerda do anjo – Geneha e dividida em andares anjinho. Quanto mais alto mais você sofrerá. Mas no momento o último andar está ocupado.

A adaga estava queimando a mão de Samandriel, porém o anjo continuava firme. – Por quem?

Samael lançou um olhar espantado para o anjo caçador – vocês não sabem? Como esconderam isso de vocês?

- O Arcanjo Miguel esconde muitas coisas de seus próprios irmãos.

Samael disparou uma risada estranha. – Eu não me importo nem um pouco com isso. Eu fui feito para isso sabe? E eu amo isso. Fui criado para torturar e assassinar.

- Já chega disso! – Disse uma terceira voz na sala.

Samael se virou e tomou um susto com o que viu. – Arcanjo Gabriel?

Samandriel olhou assustado, por que o Arcanjo Gabriel estava ali? Talvez mais um Arcanjo para rir de seu aprisionamento.

- Então você veio me dar uma lição de moral também Arcanjo? – Indagou Samandriel com um tom de ironia.

- Liberte ele! – Disparou Gabriel com uma voz suave.

Samael gelou! Ele não estava entendendo nada. – As ordens foram dadas pelo próprio Arcanjo Miguel, eu não posso fazer isso Arcanjo.

- Você irá ignorar uma ordem minha? – A voz de Gabriel agora era severa.

- Meu Arcanjo – balbuciou Samael – Eu não posso!

Gabriel estalou os dedos e então o corpo de Samael grudou na parede.

- O que e isso? – O carcereiro estava assustado.

Gabriel ignorou aquele ser medroso e andou em direção de Samandriel. – Por que desobedeceu? – Perguntou ele.

Samandriel estava assustado, ele nunca imaginaria uma coisa daquelas. – Eu já disse ao maldito do seu irmão e agora direi a você; o céu está corrompido! Esse apocalipse não deve acontecer, o pai não gostaria que a raça humana terminasse dessa forma.

Gabriel abriu um sorriso. – Ótimo! – Exclamou ele.

O Arcanjo estalou mais uma vez os dedos e os braços e pernas de Samandriel se desprenderam.

- Eu não entendo Arcanjo. – Disse Samandriel se levantando.

- Há muito tempo espero um irmão com a sua coragem. Você pode ajudar a acabar com essa guerra desnecessária que meus irmãos pensam em travar.

- Isso e um ultraje! – Gritou Samael – O grandioso Miguel saberá de sua traição Gabriel.

O Arcanjo sorriu e colocou o dedo indicador na testa de Samael. – Ele nunca vai lembrar do que aconteceu aqui – disse Gabriel virando para Samandriel – Agora devemos sair daqui.

Gabriel pôs a mão esquerda no ombro de Samael e os dois desapareceram.