42 - Embate de gigantes

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Peste observou o Arcanjo Gabriel de cima a baixo e afirmou mentalmente que aquele ser parecia tão inofensivo. Se não fosse um Arcanjo ele com certeza baixaria sua guarda.

O Mensageiro de Deus ( Como um dia já foi chamado) Olhou profundamente nos olhos do adversário. Ele estava de frente com um dos quatro cavaleiros do apocalipse, um dos seres criados por Deus para equilibrar a humanidade, seus poderes poderiam ser comparados a de um Arcanjo.

- Com medo? - Debochou o cavaleiro.

Gabriel nada respondeu. Agora ele estava analisando o inimigo.

- Você ainda pode desistir, eu deixo você ir e prometo rir pouco de sua covardia.

O Arcanjo fechou os olhos e juntou as mãos, como se estivesse fazendo uma oração. - Sou um Arcanjo, Peste. Eu nunca fugiria de uma luta. - A expressão dele era serena.

O cavaleiro aproveitou que Gabriel ainda mantinha os olhos fechados e pulou para cima dele. Atacando como uma pantera. 

No ultimo momento o Arcanjo jogou o corpo para direita e abriu os olhos. - Podemos começar agora! 

Gabriel acertou um chute bem na área do supercílio direito do oponente, que por sua vez caiu a alguns metros de distancia.

Peste caiu atordoado e antes que pudesse levantar viu o seu agressor abrir a mão direita e dela sair um feixe de luz que veio em cheio a sua direção. O Cavaleiro deu um salto e desviou por pouco e logo reparou que o Arcanjo estava em suas costas pronto para acerta-lo outro chute, ele defendeu se virando rapidamente com o braço esquerdo. Nesse mesmo instante ele conseguiu dar uma pirueta e suas unhas gigantes do pé acertaram habilmente o peito do Arcanjo, rasgando sua túnica.

Gabriel caiu dando alguns passos para trás. 

Inhlupho caiu de joelhos e de braços apertos com um sorriso que deixava a mostra todos os seus dentes podres. - Um ponto para o cavaleiro, Arcanjo. 

- Não conte vitoria antes da hora... - Gabriel sentiu algo estranho. - Eu ainda posso... - Sua visão ficou embasada. 

- Está sentindo algo? Não parece saudável. - Peste sorriu. 

- O que você fez comigo? - A visão do Arcanjo estava voltando ao normal.

- Mesmo com toda sabedoria que vocês Arcanjos dizem ter. - Ele levantou, com um ar triunfante. - Você se esqueceu de uma coisa. Eu sou peste seu bastardo inútil! Todas as doenças que existem no mundo são originarias de mim. Através de minhas garras eu posso infectar qualquer célula; seja angelical, demoníaca ou animal. Foi com isso, que agora corre nas suas veias, que eu infectei sua guarnição. Eles morreram em mais ou menos cinco minutos... Mas você é um Arcanjo, talvez dure uns vinte minutos.

Gabriel fechou os punhos e sorriu. - Então eu tenho vinte minutos para fazer você virar pó.

O cavaleiro arregalou os olhos. - Você já está morto cara, é melhor...

- Se eu matar o criador - Ele passou a mão pelas veias do braço. - A criatura desaparece. 

  Inhlupho  pulou mais uma vez como um animal para cima de seu adversário, mas dessa vez Gabriel foi ao seu encontro. Os dois se chocaram no ar e o Arcanjo acabou levando a pior, sendo acertado por um soco bem no olho esquerdo. 

O filho de Deus rolou pelas areias do Saara e sentiu seus batimentos oscilarem. Quando recuperou a noção de espaço viu o seu adversário a centímetros de distancia de lhe acertar um soco. O Arcanjo segurou o soco  mesmo caído no chão e chutou peste para longe. 

Gabriel estava nervoso, embora não demonstrasse, ele precisava acabar com aquilo de uma vez. 

- venha cara! Seu tempo está acabando! - Gritou peste.

O Arcanjo  balançou os ombros e seu lindo par de asas brancas apareceram e em sua mão uma espada de tamanho médio e com um cabo dourado tomou forma.

- Ele pegou sua arma? - Perguntou Inhlupho para si mesmo. 

- Isso acaba agora! 

O mensageiro bateu suas asas e foi em direção do oponente, mas antes que pudesse acertar seu golpe, peste deu um salto e desviou.  Ele retornou e foi mais uma vez ao encontro do seu alvo.

Enquanto seu agressor ia se aproximando o Cavaleiro sussurrava repetidamente uma frase. - Está quase lá... Está quase lá... 

No ultimo segundo do golpe, Gabriel sentiu sua cabeça girar e ele perdeu controle do voo. 

- Agora! 

Peste aproveitou a oportunidade e pulou nas costas do Arcanjo, gravando suas garras e soltando berros de alegria. 

O filho de Deus soltou um grito e começou a voar para cima. 

- É melhor descer cara! - Mais gritos de alegria. 

Gabriel sentiu os olhos fecharem e caiu. Em menos de dez segundos os dois bateram em cheio no chão, abrindo uma gigantesca cratera no solo desértico e levantando areia para todo o lado.

Peste levantou atordoado e um pouco machucado. Mas ele estava feliz. - Eu consegui! Aquele Arcanjo de merda foi para sua cova! Engole essa Criador, eu matei seu filhinho! - Ele gritou olhando para o céu.

Apos terminar essa frase o Cavaleiro observou uma figura aparecendo em meio a neblina de areia. - Não pode ser... - Questionou ele.

Era o Arcanjo Gabriel em meio a toda aquela confusão. Suas roupas estavam totalmente rasgadas, deixando todo o peitoral magro amostra e seus cabelos estavam embaraçados e sujos, enquanto todo seu rosto demonstrava feridas e estava sangrando. Além disso o ser angelical estava cambaleando, mal se aguentando de pé. 

Inhlupho sorriu ao reparar o estado destruído de seu oponente. - Você foi um excelente lutador cara! - O cavaleiro começou a andar em sua direção enquanto falava. - Por isso eu deixarei que você morra rápido, eu mesmo vou acabar com seu sofrimento.

Peste de repente deu uma rápida corrida e com as garras pingando veneno atravessou o peito do Arcanjo, esse por sua vez arregalou os olhos e soltou um frágil gemido de dor. 

- Não leve a mal cara! Mas isso foi necessário. - Disse o assassino enquanto tirava sua mão ensanguentada de dentro do corpo do agora falecido Gabriel e o deixava cair no chão.

Então o Cavaleiro sentiu uma coisa gélida atravessar seu abdômen. E dessa vez ele soltou um gemido.

- Uma vez meu pai me disse que a violência deveria ser usada quando necessária.

Inhlupho reconheceu aquela voz suave e ao mesmo tempo severa. Era o Arcanjo Gabriel. - Co...Como? - Ele olhou para o corpo do Arcanjo na areia, e o mesmo desapareceu em meio a poeira. 

- Eu sou um Arcanjo! - Ele retirou a espada do corpo ,do agora moribundo Peste e esse caiu de joelhos com a mão tentando parar o sangramento.

- Eu usei um truque que aprendi com meu irmão mais velho. Apenas coloquei uma ilusão em sua cabeça e esperei o momento certo. 

- Quanto... Quanto ao veneno? - O cavaleiro caiu de cara nas areias quentes. 

Gabriel ajoelhou e levantou sua cabeça. - Ele ainda está em minhas veias, eu apenas me escondi no momento da queda, quando a poeira não permitiu você ver o que eu estava fazendo. - Sua visão ficou embaçada mais uma vez.  - Agora já chega, Vai para o inferno.. Cara!  - 

O Arcanjo enfiou sua espada no meio da cabeça do seu oponente. 

O corpo de Peste estremeceu por alguns instantes e se liquefez, virando apenas uma grotescas gosma verde na areia. 

Gabriel olhou por alguns segundos para si mesmo. Ele estava acabado, precisava voltar para casa e se ajeitar. O Arcanjo abriu suas asas mais uma vez e desapareceu em meio o céu Africano.



   



  


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