Muita informação!

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Meu transe foi interrompido pelo toque do telefone. E ainda confusa permaneci com um semblante indiferente. O diretor com uma cara de extrema tranquilidade atendeu o telefone e se levantou para que eu não pudesse ouvir a conversa. Para me distrair fui ver os livros que estavam em uma prateleira que rodeava toda a sala e classificando os livros desde "para ler","para não ler" e "quem leria isso",encontrei um de total interesse. O livro era de cor amarelada,- um amarelo velho,muito bonito por sinal-,com duas garotas abraçadas e como título "A Garota dos Meus Sonhos". Muito curiosa,olhei pro diretor para saber se estava longe o suficiente,- Tudo limpo"-,comecei a folhear o livro e li a descrição,se tratava de um livro com a temática lésbica.

-Uma história parecida com a minha! Isso é incrível.Um livro que deveria estar na biblioteca acessível ás meninas e não trancafiado aqui na sala do diretor. Com certeza ele teria sido lido por todas,ou uma boa parcela da meninas daqui.-,penso.

-Ora,Ora.. Eis uma obra interessante.-, ele diz já segurando o livro que pegou de minhas mãos.

- Não acha que ele deveria estar na biblioteca do colégio?-pergunto e pego o livro de volta.

-Ele foi um presente de uma grande amiga,que é diretora em com colégio assim como o nosso. Ela me pediu pra guardar após lê-lo. Essas garotas foram as primeiras a se assumirem lésbicas no colégio e houvi dizer que estão casadas e muito feliz.-,ele diz deixando escapar um leve sorriso.

-Que incrível! Mas porque deixá-lo aqui empoeirado? Tenho certeza de que ajudaria muito as suas queridas filhas.-,digo sentando-me.

-Bastante incrível. Sei que parece algo de outro mundo,mas ultimamente descobri que descriminar não leva a lugar algum e afastar as minhas "filhas" não é o que quero,absolutamente.-,ele se senta e suspira.

-Entendo. Mas, então porque não adotar medidas cabíveis para ajudar elas? Certamente tem muitas delas que adorariam um apoio. Mas enfim, me fala como você mudou de ideia,sobre sua filha e esse livro. Já que quer se aproximar das suas filhas, nada melhor do que uma delas pra fazer essa ponte.-mostro minha solidariedade.

-Certamente. Vamos lá... Como eu havia dito,minha filha me informou que havia umas garotas lésbicas no colégio. Minha reação foi de total repulsa,mas ela reverteu a situação. E aqui estou eu tentando entender e ajudar.Além do fato de ninguém saber que tenho uma filha,até mesmo ela..-,ele diz baixo,mas não me impediu de ouvir.

-Como assim?-,pergunto quase tendo uma mini parada cardíaca.

-Okay!! Mundo,cosmo e todo o resto parem de zoarem com meu psicológico. Já está ficando chato. É muita informação pra um dia só. Primeiro ele vem com essa sutileza toda;segundo lê livros de temática lésbica; terceiro tem uma filha,que não sabe que seu pai é o Diretor e ainda por cima o fez mudar de um carrasco pra o diretor arco-iris. Preciso de férias!-,penso.

-Eu não deveria ter dito isso. Mas como não tenho nenhum daqueles aparelhos que fazem as pessoas esquecerem das coisas,vou explicar. Quero que me escute apesar da sua futilidade,sei que seu histórico familiar é bom pra se contar,então lá vai...-,ele suspira e o interrompo.

-Eu não sou fútil !!-,digo quase jogando o livro contra ele.

-Isso é um absurdo. Eu não sou e nem serei fútil. Só não gosto que peguem nas minhas coisas,nem uso quilos de maquiagem no rosto pra parecer a Barbie e muito menos fico rebaixando os outros. Um absurdo isso.-penso.

-E meus pais realmente são confiáveis,dê uma minima oportunidade e eles te jogam em um colégio interno e só ligam quando lembram a eles que tem uma filha. Ótimo histórico eu tenho,de fato.-,continuo.

-Seus pais não a colocaram aqui por maldade, mas sim por sua proteção. Você sabe que eles trabalham com pessoas importantes e perigosas,então parece de ser ingrata.Enfim, queria a sua compreensão para que não fale a ninguém sobre minha filha.Tenho meus motivos pra fazer o que estou fazendo.Ela é uma garota adorável,com um ideal maravilhoso. A mãe dela morreu quando ela nasceu e eu tive que me virar pra sustentá-la,então aceitei esse trabalho e a coloquei aqui pra que ficasse perto de mim.-,ele dá uma pausa.

-Entendo e irei respeitar a sua decisão. Se não se importa,preciso ir confortar as meninas,a essa altura elas devem as pensando que estou morta e enterrada em algum lugar.-,rio e ele faz o mesmo.

-Claro que não,pode ir.. Diga a Effy que ela não precisa se preocupar,o que eu ouvi no refeitório é muito meloso pra ser motivo de punição.

-Sim Senhor.-digo.

Tentando entender o que havia acontecido na sala do Diretor,fui a procura de effy. Mas no caminho encontrei uma das alunas do colégio vindo em minha direção. Ao passar por mim disse em baixo tom: Se eu fosse você trataria de ir no quarto 303. E foi embora.


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