Voltando para casa

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Eduarda

Depois que todos foram embora, Joana voltou ao meu quarto para se certificar que tudo estava bem antes.

— Vejo que a visita da sua família lhe fez muito bem – ela diz enquanto olha para o meu rosto.

— Sim. Ainda estou meio perdida com os acontecimentos...

— É normal.

— O Matias ainda está no hospital?

— Não. O doutor encerrou o seu plantão antes do horário. Parece que um dos seus amigos precisou dele. Por que, gostaria de falar com ele?

— É que ele ficou de passar aqui antes de ir embora...

— Entendo.

— Ele volta amanhã?

— Não. Amanhã é seu dia de folga. Mas não se preocupe, eu estarei aqui para ajudá-la, caso precise.

— Obrigada.

Fico em silêncio enquanto ela retira o lençol e pega uma das minhas pernas.

— Sente alguma coisa? – ela pergunta.

— Nada – digo desanimada.

— Não fique com essa carinha, vamos trabalhar para que em breve você esteja totalmente recuperada.

— Vamos – falo mais para que ela não fale outras frases de encorajamento.

Joana faz mais alguns exercícios antes de ir embora, me deixando sozinha novamente.

Pego o controle da TV e passeio pelos canais. São tantas novidades que acabo me perdendo. Resolvo não ver nada que retrate meu tempo presente e coloco em um canal que está falando de arte, ao qual eu entendo bastante.

Na manhã seguinte, logo depois do meu café da manhã, sou levada novamente para fazer novos exames. Entro e saio das salas tantas vezes que acabo ficando de mal humor.

Os médicos, no total de cinco me olham como se eu fosse algum tipo de aberração. Desde que acordei não me olho no espelho, então imagino que a minha imagem não seja muito bonita. Estou evitando o espelho.

Enquanto Joana me ajuda com minha camisola horrível de hospital, ouço duas pessoas conversando na sala ao lado que é dividido apenas por uma cortina.

— É verdade cara, ela dormiu por quatro anos. Você consegue acreditar que uma garota ficou em coma por quatro anos?

— Imagina como deve estar seu corpo agora...

— Será que tudo continua igual... Você sabe...

Ouvir a conversa de dois idiotas falando ao meu respeito, faz com que todo o meu sangue suma do meu rosto.

— Por que os dois idiotas não vem aqui e falam diretamente na minha cara?

Puxo a cortina e encontro os enfermeiros me olhando como dois idiotas. São novos, devem ter saído da faculdade há pouco tempo.

— Desculpe, não sabíamos que... – o primeiro, com cabelos castanhos começa a falar.

— Acredito que vocês não estão sendo pagos para ficarem fofocando dos pacientes...

Deixo os dois sem palavras, enquanto Joana apenas me observa.

— Agora que já me viram, que tal procurarem alguém que esteja precisando de ajuda? Aqui não é zoológico e eu não sou uma espécie em extinção – falo com minha voz carregada de raiva.

Quando encontrei você - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora