Quando encontrei você - Livro 4

Reconciliação

Desculpa pelo atraso, tive um desses bloqueios que nem reza forte deu certo. 

Amanhã tem mais, prometo. E dessa vez vou cumprir.

Bjs

Victor

Passei a noite revirando na cama. A briga com Eduarda havia me deixado horrível, não só por ela ter ido embora, mas por não ter atendido minhas ligações, que foram várias. Sei que ela devia estar muito chateada, mas poderia pelo menos me atender, nem que fosse para gritar comigo.

Pensei em ir até sua casa, mas me contive por que ela me pediu para não impedi-la. E embora eu nunca fosse admitir, vê-la no vestido que comprei para Regina, na véspera do nosso aniversário de casamento, me deixou um pouco desnorteado.

Fleches do passado me abraçaram e tudo o que pude pensar foi que diabos tinha a feito vestir aquele vestido, e como ela o havia encontrado, quando eu tinha tirado tudo o que lembrava Regina do apartamento, deixando apenas poucas fotos para que Davi nunca a esquecesse.

Beth e Davi voltaram para casa pouco tempo depois de Eduarda ter ido embora. Tive que responder as perguntas do meu filho, que queria saber se Eduarda estava doente por que ela havia se trancado no quarto e nem pediu para vê-lo.

Eu nem sabia que ele e Beth estavam lá. Eles ficaram a tarde inteira comigo no shopping, alegando que ele queria comprar um presente para tia Eduarda.

Não me senti animado para correr na praia antes de ir trabalhar. Na verdade, eu queria ir falar com Eduarda, mas tinha uma reunião no hospital e depois uma conferência via skype com colegas de profissão no meu antigo hospital onde eu trabalhava.

Teria que me manter concentrado durante todo o dia até poder ir vê-la. Só não sabia como iria me concentrar, quando meus pensamentos estavam a mil em minha cabeça. Até tentei falar com ela pelo telefone antes de sair casa, mas seu celular estava desligado.

No final do meu turno, a equipe me convidou para um happy hour em um bar próximo ao hospital. Recusei por que embora estivesse precisando tomar um chope, eu queria encontrar Eduarda e conversar.

Não precisei ser anunciado quando cheguei à sua casa, o que era bom, assim ela não me evitaria se soubesse que estava chegando. A governanta abriu a porta e me ofereceu um grande sorriso, como sempre fazia quando eu entrava.

— Eduarda está no estúdio. Vou chamá-la...

— Não será preciso. Sei onde fica.

— Ela não gosta que entrem quando está pintando.

— Eu assumo a culpa, digo que você não me viu – ofereci um sorriso e isso bastou para quebrá-la.

— Tudo bem. Você não me viu aqui.

Ela sorriu e seguiu para a cozinha.

Subi as escadas e andei em silêncio até o estúdio. Fiquei na dúvida em bater ou entrar direto. Talvez invadir sua privacidade assim, não seria a melhor ideia.

Bati de leve na porta e esperei por uma resposta.

— Pode entrar.

Entrei e me deparei com o quadro que ela estava pintando. Era a imagem de um lago, igual ao do sítio da sua família. Ela tinha conseguido retratar todos os detalhes, até mesmo os pássaros sobrevoando a água.

— Uau! Você tem muito talento.

Eduarda virou tão rápido que acabou derrubando a pequena bancada que havia montado para os potes de tinta, deixando um rastro de cores no chão.