Conversa séria

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Victor

Voltei ao hospital com meu humor um pouco melhor depois de ter falado com Eduarda. Ela iria sair para um jantar com sua mãe e algumas amigas em um encontro beneficente e achou que talvez eu quisesse ir. Recusei por que hoje mais do que nunca precisava ter uma conversa séria com minha mãe. Combinamos que eu iria na próxima vez e que ela me ligaria quando chegasse em casa.

Quando cheguei à recepção do andar onde ficava minha sala, as mesmas enfermeiras estavam conversando. Iria aproveitar para esclarecer alguns pontos com elas, como proibir a entrada de Verônica sem a minha permissão.

— Ola meninas, podem me dar atenção por cinco minutos? – pedi com gentileza.

— Claro doutor – a mais velha da turma respondeu.

— Hoje alguém permitiu a entrada de uma pessoa na minha sala sem a minha permissão...

— Ela foi entrando antes que pudéssemos impedi-la...

— Calma Vera, não estou acusando ninguém, mas se houver uma próxima vez, a empeçam... Chamem a segurança se for preciso.

As quatro enfermeiras me encararam curiosas, mas não falaram nada.

Sorri para todas e me encaminhei para a sala. Olhei minha agenda e teria apenas mais dois acompanhamentos aos pacientes e depois estaria livre para ir para casa. Assinei algumas altas e transferências e depois segui para ver meu último paciente do dia.

Quando entrei na sala, ele já estava sentado em sua cama, conversando com uma bela jovem, que deveria ser namorada pelo olhar apaixonado que lançava para ele.

— Boa tarde André, como se sente hoje? – perguntei pegando seu prontuário.

— Menos dependente dos enfermeiros – disse sorrindo.

— É mesmo? Então pelo seu sorriso, devo imaginar que tem novidades para me contar.

— Hoje enquanto tomava banho senti algumas fumigações nas minhas pernas.

— Ora, mas isso é muito bom. Lembra-se do que conversamos dias atrás? Que era apenas questão de tempo até seu corpo começar a reagir aos seus comandos?

— Lembro sim. Confesso que não acreditei muito quando falou – disse sem graça.

— Ele só acredita quando tem provas – disse a mulher tocando seu braço com carinho.

— Minha namorada pensava da mesma forma. Foi difícil convencê-la que ela só precisava de tempo. Hoje ela está andando e voltando a ter uma vida normal.

— Quer dizer que não devo desistir?

— Não mesmo. O tempo resolve tudo.

Conversamos por mais alguns minutos, depois nos despedimos e eu segui de volta para minha sala para pegar minha pasta e encerrar meu turno, que graças a Deus tinha sido calmo.

Passei na cafeteira, tomei um café rápido, um hábito que eu havia adquirido morando fora, que servia para aguentar os vários plantões seguidos que eu pegava por não querer tempo livre para pensar nas minhas perdas.

Esperava que minha mãe estivesse em casa. Não avisei minha visita por que achei que não seria necessário.

— Você acha que isso está limpo? Não, não está... Pegue um pano e limpe novamente.

— Mãe?

— Victor, filho...

— Brigando com seus funcionários de novo?

Quando encontrei você - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora