Eduarda
Os dias passaram rápidos e o sábado logo chegou. No dia seguinte após ter encontrado Victor e Davi no shopping, nossa relação melhorou bastante. Ele me agradeceu pelos momentos felizes do seu filho e acabou confessando que nunca tinha visto Davi tão feliz.
Também fiquei feliz por passar um tempo com eles, e pude esquecer um pouco a minha vida, não que algo tenha me deixado triste, é que apenas às vezes paro e fico pedindo a Deus para ter o controle da minha vida novamente.
Quero voltar a estudar, fazer um curso, qualquer coisa que me faça esquecer tudo que passei antes do acidente.
— Eles chegaram! – disse minha mãe entrando no quarto com um sorriso enorme estampado no rosto.
Eu estava terminando de trançar meus cabelos. Estava usando um vestido longo com estampas floridas. Eu pretendia esconder a cicatriz para que Davi não se assustasse. Não era algo assim tão feio, mas para uma criança poderia ser no mínimo estranho.
Coloquei um pouco de gloss rosa, apenas para dar uma cor ao meu rosto pálido que aos poucos estava ganhando cor.
— Estou pronta – falei virando minha cadeira para ela.
— Você está linda filha. Isso tudo é para impressionar o Victor?
— O quê? Impressionar o Victor? – eu ri – que besteira mãe. Fiquei com vontade de me arrumar. E também ficar parecendo um fantasma na frente de Davi não dá, né?
— Sei – falou de uma maneira, dessas que acha que estou mentindo – vamos logo, deixei os dois na sala e vim lhe chamar. Quer ajuda com a cadeira?
— Obrigada mãe , mas não precisa. Já consigo controlar essa amiga aqui – falei colocando minhas mãos nas rodas e seguindo para a saída.
— Será sua amiga por pouco tempo.
— Assim espero – falei.
Eu não estava muito confiante, os tratamentos com Victor ainda não tinha causado nenhum efeito. Todos os dias fazíamos exercícios, mas nenhuma novidade. Victor não me deixava desanimar, sempre falando que seria complicado, mas os resultados logo apareceriam. Eu só precisava continuar e nunca pensar em desistir.
Andamos pelo corredor, até ouvir a risada de Davi. Ele estava vendo algo muito engraçado no tablet, enquanto Victor estava sentado lhe observando. Ele estava com roupas casuais, diferente das que usava quando estava trabalhando. Uma calça jeans, uma camisa azul listrada com gola V, confortável, mas que escondia um pouco a beleza do seu corpo.
Estava sendo um pouco difícil não ficar olhando para abdômen enquanto suas mãos guiavam meu corpo na fisioterapia.
Victor estava sempre com o semblante triste, embora sorrisse mais vezes depois que dei uma trégua na minha implicância com ele.
Às vezes ele me fazia falar como tinha sido minha infância, para aliviar o meu desânimo quando eu começava a desistir da fisioterapia.
— Quero ver esse vídeo também. Deve ser muito bom para arrancar essas risadas gostosas.
Davi e Victor olharam para mim.
— Tia Eduarda...
Davi entregou o tablet ao Victor e veio em minha direção.
— Oi sobrinho – falei surpresa com o carinho dele ao se aproximar.
Troquei um rápido olhar com Victor e ele riu sem graça. Peguei Davi e coloquei em meu colo. Ele me abraçou e depois me soltou.
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Quando encontrei você - Livro 4
RomanceQuatro anos. Esse foi o tempo que Eduarda ficou em coma após sofrer um grave acidente de carro. Assustada e sem entender o que está acontecendo, ela precisará contar com a ajuda da família para compreender o que aconteceu nesse período em que esteve...