Victor
Desliguei o telefone, guardei no bolso do jaleco e voltei ao meu trabalho. Mais cedo tive que almoçar com minha mãe. Ela queria ver Davi e achei melhor levá-lo e deixar os dois passarem a tarde juntos.
Olhei para o relógio e em quarenta minutos meu turno seria encerrado e eu poderia pegar meu filho e levá-lo para fazer um lanche no McDonald, algo que ele adorava.
Voltei para minha sala e fui direto para minha mesa, precisava imprimir alguns arquivos sobre o caso de Eduarda. Eu precisava analisar todos os detalhes para ver por onde começaria o tratamento.
De início iria começar com as fisioterapias, algo para que seus membros não atrofiassem. Admito que Eduarda é linda, apesar de estar um pouco fora do seu peso. Seus olhos pequenos e expressivos são algo que não se passa despercebido.
Li e reli tudo sobre seu acidente, algo me intrigava, claro que o motivo do acidente tinha sido a batida violenta do carro, seu irmão havia ingerido bebida alcoólica e o principal causador do acidente, mas faltava algumas páginas que falava detalhes de como Eduarda havia chegado ao hospital.
Iria depois ligar para seu médico e solicitar algumas explicações. Por hora, eu iria tratá-la da maneira como tinha tratado seu irmão.
Antes mesmo de bater meu ponto, meu celular já estava tocando. Olhei para a tela e vi o número da minha mãe. Soltei um suspiro.
— Eu já estou indo para o estacionamento mãe...
— Papai, não é a vovó.
— Davi, como conseguiu pegar o telefone da vovó?
— Eu pedi. Queria falar com você. Quando vamos ao McDonald?
— Daqui a pouco. Papai está indo pegar o carro. Peça para sua vó trocar sua roupa. Estou chegando.
— Ela já fez isso, mas não gostei.
Não consigo conter um sorriso. Davi não gosta quando minha mãe lhe veste.
— Você falou isso para ela?
— Falei, e acho que ela não gostou.
— Por que diz isso?
— Ela fez uma careta e revirou os olhos, igual à mamãe.
Davi tem apenas quatro anos, e tinha apenas dois quando Regina morreu, como ele sabe esses detalhes?
Decido que vou perguntar depois.
— Ok Davi, desligue e telefone e entregue a sua vó. Espere-me sentado no sofá.
— Não demore papai.
— Não vou.
Dez minutos depois, eu estava abrindo a porta da sala e encontrando Davi sentado no sofá com suas pernas cruzadas assim como eu ficava quando meus pais pediam que eu me comportasse.
— Papai, chegou rápido. Podemos ir? – perguntou saltando do sofá e vindo ao meu encontro.
— Ei rapaz, pensei que essa pressa toda fosse por que estava morrendo de saudades – eu falei enquanto o abraçava.
— Isso também, mas estou com mais fome do que saudade.
Eu ri.
— Victor, você precisa conversar com a babá do Davi, ele anda perguntando certas coisas... – disse minha mãe entrando na sala.
— Que coisas? – perguntei.
— Coisas que ele ainda é muito novo para perguntar.
— Mãe, Davi tem quase cinco anos. Nessa idade, a senhora me falou que eu a deixava constrangida com minhas perguntas. Vai ver que isso ele puxou de mim.
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Quando encontrei você - Livro 4
RomanceQuatro anos. Esse foi o tempo que Eduarda ficou em coma após sofrer um grave acidente de carro. Assustada e sem entender o que está acontecendo, ela precisará contar com a ajuda da família para compreender o que aconteceu nesse período em que esteve...