Segredos

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Victor

Ter Verônica sentada à mesa fez com que meu sangue parasse de circular. Não acreditei em sua mentira sobre ter levado um bolo. Ela conseguia enganar qualquer um, mas não a mim.

Senti Eduarda tensa, mas ela estava se segurando muito bem. Coloquei minha mão sobre a sua para transmitir que estava tudo bem. Ela me deu um sorriso torto e voltou a olhar para a Verônica.

— Mas e então Eduarda, não tivemos muito tempo para conversar em minha última visita. Foi tão rápida... Como foi acordar depois de tanto tempo? Imagino que tenha sido um grande choque saber como todos tinham seguido com suas vidas.

Verônica adorava mexer na ferida das pessoas, era como ela se sentia bem e como disfarçava sua própria dor.

— Eu não esperava menos da minha família – Eduarda disse direto.

— Mas imagino que não tenha sido fácil ver o que tinha perdido. Quatro anos é muito tempo. Eu nem sei o que faria se eu estivesse no seu lugar – disse esboçando um sorriso.

— Foi um choque, mas tenho pessoas maravilhosas ao meu lado.

— E fora que você ficou um bom tempo sem andar... Já imaginou se não tivesse voltado a andar? Seria tão trágico.

— Eduarda seguiria em frente. Ela é mais forte do que aparenta. Quando a conheci, pensei que iria encontrar uma mulher depressiva, mas ao contrário, todos os dias ela levantava feliz e com disposição para as fisioterapias – falei tocando sua mão com carinho.

— Eu tinha motivos de sobra para ficar triste, mas Deus havia me dado uma segunda chance. Acha mesmo que eu iria desperdiçar isso ficando triste e me lamentando?

— Você é um exemplo de força naquele hospital. Não há um médico ou enfermeiro que não conheça sua história – disse Edgar enquanto bebia sua cerveja.

Eduarda sorriu e olhou em meus olhos.

— Também tive a ajuda de Victor. Sua paciência e suas palavras de incentivo me ajudaram a andar novamente.

Aproximei-me e beijei suavemente seus lábios.

— Se formos continuar com os elogios, preciso agradecer também por me tirar do escuro – falei com sinceridade.

— Há o amor... – uma das enfermeiras comentou.

— Conhecendo Victor tão bem como conheço, acredito que tenha sido uma missão difícil. O luto pela minha irmã o dominou completamente e até o fez sair do país. Nunca pensei que ele se curaria, por que o amor deles era tão lindo, tão invejado, um verdadeiro conto de fadas.

Verônica não perdia uma oportunidade para mencionar Regina, o que deixava Eduarda com a respiração entrecortada.

— Bem, posso dizer que Eduarda soube muito bem alcançá-lo e trazê-lo de volta a vida. Isso merece um brinde – disse Edgar erguendo o copo acima da mesa.

— Um brinde – todos falaram ao mesmo tempo.

Verônica fingiu beber e ficou nos encarando.

— Victor, você saiu correndo do nosso almoço ontem, espero que não tenha sido por um bom motivo.

— Almoço? – Eduarda perguntou e olhou em minha direção – vocês almoçaram juntos ontem?

Eduarda lançou aquele olhar como quem dizia: quando iria me contar?

— Achei que estivesse muito ocupado e sem tempo para ter um almoço tranquilo.

— E ele estava, mas Victor nunca consegue me dizer um não. É assim desde que nos conhecemos. Com você não é assim? – ela perguntou erguendo uma de suas sobrancelhas.

Quando encontrei você - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora