CALLY & JERRY

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Eu esperei por ele. Duas horas. Não era raro, mas aquele dia era importante. Eu ia dar a chave do meu apartamento a ele. Eu ia deixá-lo entrar de vez na minha vida. A chave do meu coração eu dei no nosso segundo encontro. Sempre fui uma pessoa que se apaixonava muito rápido e quando se tratava dele eu me apaixonava mais todos os dias.

Mas naquela tarde ele se atrasou. Atrasou tanto que meu café esfriou,ruí todas as minhas unhas, prendi e soltei meu cabelo quatro vezes e a cafeteria ficou quase vazia. Quando ele chegou estava com os cabelos molhados e os olhos vermelhos.

Pensei que algo tinha acontecido. "Deve ter alguma desculpa para o atraso". Ele entrou na cafeteria, me viu e foi até o balcão pedir seu café. Não disse nada quando se sentou na minha frente. Bebeu seu café em silêncio, esperando o que eu fosse dizer. Provavelmente estava pensando "qual a bomba dessa vez? Será que vai brigar pelo meu atraso? Será que achou mais alguma coisa que evidencie outra traição?", eu apenas o encarei, tentando me certificar de que tudo estava bem.

Ele não se explicou pelo atraso – "não gosto de dar explicações"era sua frase favorita -, apenas me encarou e murmurou "eu acho que não podemos continuar".

Admirei sua coragem. Ao menos ele apareceu.

Eu não perguntei o porquê, não queria saber.

Talvez ele tinha seus motivos. Ciúmes – da minha parte -, brigas – da minha parte, mas a culpa era sempre dele -. E, claro, o motivo mais importante: "sou um garoto do mundo, Call".

Não fiquei surpresa quando ele quis acabar. Fiquei surpresa por ter durado tanto.

Mas ele não sairia ileso. Peguei meu café (gelado) e joguei na cara dele.

Ele cerrou os lábios e balançou a cabeça "claro que ela faria isso", podia escutar ele pensando e me xingando, mas não fez nada: queria se livrar logo de mim.


Saí de lá. Saí e não olhei para trás.



Dor de Amor (desamor #1) | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora