ERICK & ANNA

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Nós tínhamos o mundo inteiro pela frente. Tinha planos para nós dois. Claro que tudo ficou para trás quando ela fez aquilo. Costumava achar que ela tinha sido egoísta, pensou apenas nela e não se importou o que os outros pensariam. Hoje em dia eu entendo, depois de três anos eu finalmente compreendo o porquê de tudo ter acontecido.

Eu me culpava, achava que ela tinha ido embora por que eu não a amei o bastante. Eu a amei. Eu ainda a amo. E ainda dói demais saber que a mulher da minha vida se atirou tão fundo naquele poço.

Tentei conhecê-la depois que ela foi embora: descobrir o que estava acontecendo com ela. Mas aquilo tudo era tão maior que eu, maior que qualquer coisa que alguém falasse a ela. Não tinha como ela melhorar, ela não nos deixava ajudar. Parecia estar tão bem, mas já estava naquele buraco sem volta. Eu nem ao menos tentei puxá-la para cima. Nem ao menos disse "Ei, Anna, você pode fazer o que quiser". Nada adiantaria.

Eu ainda releio suas cartas, ainda tento compreender o que eu poderia ter feito, embora nada disso funcione ou a traga de volta. Eu gosto de fantasiar que ela está perto. Gosto de pensar que ela vai vir me visitar no meu apartamento novo e pedir para eu cantar para ela.

Mas nada disso acontece. Nem mesmo sonho com ela. Os sonhos se tornaram pesadelos. Ela fugindo e eu não conseguindo alcançá-la. Ela se escondendo enquanto tento procurá-la. Eu não conseguia chegar perto dela em nenhum dos pesadelos. E de repente tudo parou: sem sonhos e pesadelos com ela.

Nada que me fizesse matar a saudade. Ela simplesmente desapareceu. Como na vida real.

Por muito tempo não consegui sair do lugar. Fiquei paralisado no tempo em que existia Anna e Erick. Fiquei congelado no tempo em que podíamos ir para o alto daquele prédio ou aquele jardim onde ela perguntou se eu sentiria sua falta caso ela fosse embora.

Todo lugar que eu ia pensava em como ela gostaria daquele lugar, mas a verdade é que eu não sei se ela gostaria, sinto que a conheço cada vez menos. Sinto que nem ela mesma se conhecia.

Se ela se conhecesse melhor, teria feito aquilo? Se ela tivesse pedido ajuda, teria adiantado? Ela estaria aqui ainda?

Dói ainda amá-la, mas dói mais ainda quando me pedem para seguir em frente. Posso até seguir em frente, continuar minha vida, mas nunca serei capaz de esquecê-la. Tenho medo que um dia o rosto dela seja apenas um borrão na minha mente, apenas uma recordação insignificante. Nosso tempo foi curto, mas foi o bastante para eu saber que nunca terei amor como aquele.

Dor de Amor (desamor #1) | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora