FELICITY & PAUL

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Tínhamos uma linda família. Tínhamos um lar e a felicidade daqueles casais cegos. "Não, ele não está me traindo", "não, ele respeita demais os nossos filhos", "eu nunca o trairia!". Achava que nosso casamento e nossa família não iriam para o caminho do divórcio ou "acabou, mas isso é normal hoje em dia". Ele sabia desde o início que eu queria uma família e que ele era o escolhido. Pressão demais para um cara mais velho que eu? Pressão demais para um homem ocupado como ele? Quanto tempo ele suportaria toda mentira que inventou?

No começo eu não acreditava. Não queria acreditar que ele era capaz daquilo. Capaz de jogar anos de casamento no lixo. Os sinais estavam lá, eu os via, mas não queria admitir que eram para mim.

Ele não estava me tratando melhor, ele estava apenas indiferente.

Não fazia questão de almoçarmos juntos, como uma família.

Não fazia questão de voltar cedo do trabalho.

Não fazia questão de me avisar quando saísse com os amigos.

Quando ele me encarava eu apenas enxergava um vazio nos olhos dele. Ele estava cansado. Não pediu aquilo. Não pediu uma esposa ciumenta e neurótica. Não pediu dois filhos bagunceiros e carentes.

Eu o mandei embora, mas parecia que eu estava fazendo um favor a ele.Lembro que ele suspirou aliviado, quase como se dissesse: finalmente.

Eu aturei por tempo demais, aturei porque tinha esperança que ele mudaria, que ele voltaria a ser aquele cara que conheci quando eu tinha dezoito anos.

Pensei que ele mudaria quando notasse que estava me perdendo, mas a única coisa que ele fez foi dar um beijo de "até logo" nos nossos filhos e sair pela porta da frente, sem olhar para trás.

Ele nunca olhava para trás. Ou pro lado, que era onde eu estava sempre. Ele olhava para a frente. Seu único caminho era reto e em frente, sem voltas e sem paradas.

Dor de Amor (desamor #1) | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora