O primeiro ministro e eu (finalizado)

Capítulo 09 - O primeiro-ministro

Acordei e vi que Eva não estava na cama. Já me dirigia à porta do quarto quando ouvi o som de piano, quase não acreditei nos meus ouvidos. Fiquei sem reação por uns breves instantes. Ninguém nunca ousou tocar naquele piano. O piano de Caroline. Corri em direção à sala que ficava o piano e vi Eva o tocando. Eu fiquei cego de ódio e a puxei bruscamente, levantando-a. Segurava seu pulso e apertava irado. Soltei-a ainda furioso. 

-Joshua. - Eva tinha um olhar assustado.

- Quem mandou você entrar aqui e tocar no piano? - berrei.

- Desculpe-me se o acordei, não foi minha intenção.- falou pausadamente.

- Quem porra tá falando em acordar? Só porque você transou comigo se acha no direito de invadir a minha privacidade, mexer nas minhas coisas? Quem você pensa que é? - gritei transtornado e ela me olhava assustada. - Fale. Quem porra você acha que é? - seu semblante mudou.

- Eu acho que eu sou a porra de uma idiota. - Eva gritou. - Desculpe invadir a sua privacidade, sr primeiro-ministro. - saíu batendo a porta.

Eu me sentei no banco do piano sem saber o que fazer. Eu queria chorar mas as lágrimas não vinham. 

- Me perdoe, Caroline. Por favor, me perdoe. Ninguém nunca mais vai chegar perto do seu piano.

Coloquei os braços no piano e apoiei minha cabeça. Aquele piano era de Caroline, Eva não tinha esse direito. Eu o comprei pra minha Caroline. Já estava amanhecendo e eu ainda estava do mesmo jeito, não consegui sair dali e nem dormir. Quando a claridade invadiu a sala, me levantei e fui pro quarto. Notei que Eva não estava mais lá. Claro que não estaria, eu gritei com ela. Meu Deus, ela saiu de madrugada sozinha. Ela correu perigo por minha culpa. Tomei banho e me dirigi à 10 Downing Street.

Quando cheguei, Drake já começou a relatar toda a minha agenda para aquele dia.Passei como um raio pela ante-sala do gabinete sem falar ou olhar pra ninguém. Sabia que Eva estava lá, senti o seu perfume. Entrei no gabinete e me sentei, Drake sentou à minha frente e já foi se intrometendo:

- Foi um cão raivoso que te mordeu ou foi uma transa ruim mesmo? - bufei. - Acho que vou ter que eliminar a segunda opção porque há algum tempo você não vai se encontrar com mulher nenhuma no seu apartamento. - continuei calado. - Só me resta o cão raivoso. Esse cão se chama Smith? - ele riu e eu perguei uns documentos e comecei a analisá-los. - Tá difícil manter um diálogo com você hoje.

O telefone toca e Drake atende.

- Sim, srta Kelly. ... Os dois? ... Espere um momento.

- Smith e o neto estão aí querendo falar com você. - Eu bufei de raiva, não estava mais aguentando aqueles dois. Afinal, quando voltariam pra Irlanda e me deixariam em paz? Fiz sinal para deixá-los entrar.

- Bom dia, primeiro-ministro. - disse Smith.

- Bom dia. A que devo a honra? -falei secamente.

- Bom, Style, estarei retornando ao meu lar amanhã e queria me despedir de você de maneira adequada. - apenas assenti. - Por que não vamos tomar um café agora?- graças a Deus esses dois vão embora, pensei.

- Claro, vamos sim. -olhei do Smith pro Drake. - Você também vai, Drake, cancele meus compromissos desse primeiro horário. - ele assentiu.

- Style, posso pedir a você que a doce Eva também nos acompanhe. - não acredito que o Smith vai empurrar Eva pro neto na minha frente.

- Não acho necessário a presença da srta Reynolds. - falei rispidamente.

- Ora, Style, faça um agrado a esse velho amigo. Estou indo embora e quero me despedir de Eva. Ela foi tão simpática e prestativa comigo. - bufei internamente.