Enfim recebi alta. Não aguentava mais me sentir presa entre quatro paredes. Josh estava fazendo de tudo pra me deixar melhor, estava sendo muito atencioso e carinhoso. Mas mesmo assim eu estava me sentindo péssima, irritada e sem paciência. Aqueles momentos que Diana me fizera passar tinham sido arrasador principalmente porque o resultado daquela maldade foi a perda do meu bebê. Eu não culpava Josh por aquilo, mas ver estampado em seus olhos que ele se sentia culpado estava acabando comigo. Eu não estava suportando ficar perto dele porque me afligia ver o peso que meu amor estava carregando. Eu estava me sentindo sufocada com o excesso de cuidado de Josh.
Chegamos em casa e Grace veio me recepcionar com um creme de chocolate mas como não me entraria nada, pedi desculpa e fui pro quarto. Josh veio atrás de mim e aquilo me deu nos nervos mas eu tentei ficar calma.
- Joshua, não precisa ficar aqui. Você tem trabalho a fazer. - Olhei pra ele mesmo não querendo, aquela culpa nos olhos estava me oprimindo. - Eu preciso ficar um pouco sozinha. Você está me sufocando.
- Eva? - ele falou magoado, vi em seus olhos.
- Vá trabalhar, Joshua. Não quero que você se prejudique por minha causa. - por favor , meu amor, eu preciso ficar só. Entenda isso.
- Eu prefiro ficar aqui com você.
- Mas eu prefiro que você não fique. - minha voz saiu mais alta do que eu pretendia.
- Tudo bem. Eu vou.- falou magoado, eu sei, mas eu precisava de espaço.
Enfim eu estava só. Eu precisava de espaço pra chorar. Eu queria colocar pra fora por meio de lágrimas tudo o que eu estava sentindo. Eu estava me privando disso para que Josh não se sentisse mais culpado. Eu fiquei sabendo a tão pouco tempo do meu bebê, fiquei com tanto medo da reação de Josh mas ele tinha adorado a ideia de ser pai e eu já estava tão empolgada com a possibilidade de ser mãe. Aquele serzinho já fazia parte da nossa vida, já era amado e muito desejado. Mas a maldade o fez partir. Foi lembrando do meu bebê que eu chorei a acabei adormecendo.
Quando acordei já era noite. Fui pro banheiro tomar um banho. Me despi e me olhei no espelho. Eu não aguentei quando vi os hematomas no meu ventre. Não pelos machucados em si mas porque aquelas marcas me lembravam que o meu bebê não estava mais ali. Eu me encolhi no chão e chorei amargamente. Será que aquela dor passaria algum dia? Minha alma era um poço de angústia. Josh entrou no banheiro, se agachou ao meu lado e me abraçou. A dor naquele momento pareceu tão física que eu queria chorar, berrar pra expulsar aquilo que eu estava sentindo. Num rompante de loucura eu bati no Josh, o chutei e o esmurrei. Eu estava ensandecida, eu queria gritar o mais alto que eu conseguisse. Eu queria que aquela dor me deixasse. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, eu me acalmei, porém as lágrimas continuavam ali, descendo persistentes e silenciosas.
- Meu amor, eu daria minha vida pra você não estar sentido essa dor. Eu te amo tanto, meu amor. Você é a minha vida.
Parei de chorar e o olhei. Eu o amava tanto. Eu não queria que ele sofresse ou se sentisse culpado. Mas eu continuava vendo a culpa em seus olhos e aquilo me doía demais.
- Eu preciso tomar banho. - falei dando as costas pra ele.
Josh saíu do banheiro sem dizer mais nenhuma palavra. Naquele momento eu não poderia consolá-lo e nem queria ser consolada. Eu só queria ficar sozinha. Sofrer sozinha. Chorar sozinha. Até toda a dor sair do meu corpo e da minha alma. Meu coração estava pequenininho por ver Josh daquele jeito, mas eu queria ficar longe dele, longe de tudo. Longe pra suportar e enfrentar a dor.
Vi que havia uma bandeija de comida no quarto. Não tinha me alimentado o dia todo, então me forcei comer um pouco apesar da falta de fome. Dormi um sono pesado naquela noite. Quando acordei ainda estava escuro. Josh não tinha voltado pro quarto. Coloquei uma calça de moleton e um casaco de capuz e fui em direção à saída. Vi que tinham seguranças na entrada principal. Fui até a saída da cozinha e também estava com segurança. Me lembrei que tinha uma saída no jardim dos fundos e não havia segurança lá. Então saí. Eu precisa sair um pouco, espairecer. Estava me sentindo sufocada, presa. Precisava respirar um pouco.
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O primeiro ministro e eu (finalizado)
RomanceEva e Joshua são pessoas totalmente diferentes, com marcas em suas vidas que preferiam esquecer. Pessoas desacreditadas no amor que se encontram e se apaixonam à segunda vista.