Capítulo 21 - Eu

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O dia de viajarmos à casa do avô de Josh chegou, eu estava bem animada. Quando chegamos, o vovô no esperava no exuberante jardim da fazenda. Presenciar o reencontro dos dois foi comovente, Josh até chorou. John Style era um senhor de cabelos branquinhos, sorriso franco e olhar acolhedor. 

- Que bom vê-lo, vovô. - Josh o abraçou e se demorou muito naquele abraço.

- Se é tão bom me ver por que você não vem mais vezes, seu menino malvado? - sua voz não era de repreensão mas sim de brincadeira.

- Desculpe. Virei mais vezes sim. - o vovô me olhou.

- E quem é essa bela moça? - Eu sorri.

- Uma grande amiga. Seu nome é Eva Reynolds.

-Amiga? Sei. - falou com ironia. - Não deixe esse menino safado enganar você, minha jovem. Se eu tivesse a idade dele, você não me escaparia. - seu tom era de brincadeira e eu já o tinha adorado.

-Vovô. -Josh o repreendeu.

- Estou brincando, Josh. Venha, minha querida, dê um abraço no vovô. -eu achei esse convite muito fofo e senti no seu abraço a mesma ternura que sentia quando o meu avôzinho me abraçava.

Fomos caminhando juntos até à casa e ele me perguntava como eu suportava aquele neto rabujento que era mais velho que ele. Eu não conseguia me controlar e ria, Josh perguntou o que conversávamos mas o vovô disse que era assunto só nosso. Tudo na sala era lindo e exuberante, mas meus olhos se fixaram no belo piano negro. Era exatamente um piano igual aquele que eu sonhara durante minha adolescência.

- Você gostou do piano, querida? - o vovô me perguntou.

- Eu sempre quis ter um piano exatamente dessa cor. - respondi.

- A minha falecida esposa tocava sempre pra mim. Eu adorava vê-la tocar. -  sorri emocionada. - Você sabe tocar? - assenti. - Então toque pra esse velho que há tempos não escuta as notas desse velho piano.

Meu sorriso deu lugar a angústia só ao me lembrar da vez que toquei no piano de Caroline. Olhei para Josh mas ele parecia sereno e me incentivou com o olhar.

- O que o senhor gostaria de ouvir? - perguntei ansiosa.

- Minha mulher sempre tocava História de amor de Beethoven. Você conhece?  - outra linda coincidência, meu avô sempre pedia que eu tocasse essa música pra ele porque lembrava a minha avó que tinha o mesmo nome que eu. Eu assenti.

Fui ao piano e toquei com todo o meu coração, foi emocionante. Ao olhar para o vovô, parei instantaneamente. Ele estava chorando.

- Me perdoe, vovô. - falei o mais carinhosa possível.

- Me perdoem vocês. Há muito tempo não escutava essa música. - vovô limpou as lágrimas. - Você tocou igual a ela, eu me emocionei como se ela estive aqui. Obrigado, Eva. - tentei sorrir mas foi em vão.

Nosso estadia na fazenda estava muito divertida, passeávamos a cavalo, fazíamos trilha para a cachoeira embora não pudéssemos mergulhar devido o frio. Antes do jantar, vovô sempre me pedia pra tocar ao piano mas nunca pedia pra tocar a história de amor de Bethoven. O vovô era adorável, conversávamos muito, jogávamos dama e xadrez. Eu sempre perdia no xadrez e ele sempre achava graça nisso. Ele dizia "Ainda bem que você perde, não se pode confiar numa mulher que sabe jogar xadrez." Eu apenas ria do seu comentário machista mas não me ofendia. Certa vez no jantar, o vovô estava muito animado e conversava sobre como ele pediu a mulher em casamento. Foi tão lindo e fofo.

- Então nós estávamos num parque muito bonito, com árvores frondosas. Era um sábado a tarde e haviam muitas crianças ali. Eu disse à Anne que iria comprar um sorvete pra ela, ela quis me acompanhar mas eu não deixei. 

O primeiro ministro e eu (finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora