Soneto lll

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Olha bem teu espelho e diga que rosto fitas ali,
O momento chegou em que esse rosto devesse formar um outro;
Cujo frescor, se não o renovares agora,
Trapacearias o mundo, tornando aquela mãe que o deveria ser, uma infeliz!
Pois quem não gostaria de ser filho teu?
Ou quem é aquele que se adore tanto,
Que possa ser o túmulo da auto-estima, detendo a posteridade?
Tu és o retrato de tua mãe, e ela em ti,
Relembra a linda primavera de seus melhores dias:
Dessa maneira, verás pela janela dos anos,
Tua época dourada, apesar das rugas,
Mas se viveres, lembrada para não ter posteridade,
Morre solteira, e nesse caso tua imagem morre contigo.

Sonetos de William ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora