Soneto LXXXIV

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Quem é aquele que mais diz? Quem pode dizer mais
Do que esse rico louvor, — Que apenas tu és tu?
Em que outro lugar emparedado haverá o lugar
Que pudesse demonstrar onde vive o teu igual?
Uma penúria extrema naquela caneta mora,
Que aos seus sujeitos não confere alguma glória;
Mas aquele que de ti escreve, se ele conseguir dizer
Que tu és tu, dignifica a sua história de uma tal maneira,
Que ele somente copie o que está em ti escrito,
Não piorando aquilo que a natureza fez tão claro,
E uma tal imitação dará fama à sua habilidade,
Tornando o seu estilo por todas partes admirado.
Tu às tuas lindas benções acrescentas uma praga,
Gostando de louvores, que torna teus louvores piores.

Sonetos de William ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora