Soneto LI

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Assim pode o meu amor perdoar a vagarosa ofensa
Do meu torpe portador, quando me vou de ti:
De onde estás, por que haveria eu de ir embora às carreiras?
Até a volta, que necessidade haveria de correrias?
Ah, mas retornando em seguida, que desculpa achará meu pobre animal,
Quando a extrema rapidez parecerá coisa vagarosa somente?
Então, mesmo que montado no vento eu o esporearia;
Na velocidade alada eu não encontraria movimento bastante:
Então não haveria cavalo algum que com meu desejo emparelhe;
Portanto, o desejo, sendo confeccionado a partir do amor mais perfeito,
Vai relinchando (não sendo bobo) em sua feroz carreira;
Mas o amor, por amor, assim perdoará meu pangaré;
Já que de ti partindo voluntarioso ele se foi devagar,
Mas para ti eu correrei, e soltar-lhe-ei as rédeas.

Sonetos de William ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora