Assim pode o meu amor perdoar a vagarosa ofensa
Do meu torpe portador, quando me vou de ti:
De onde estás, por que haveria eu de ir embora às carreiras?
Até a volta, que necessidade haveria de correrias?
Ah, mas retornando em seguida, que desculpa achará meu pobre animal,
Quando a extrema rapidez parecerá coisa vagarosa somente?
Então, mesmo que montado no vento eu o esporearia;
Na velocidade alada eu não encontraria movimento bastante:
Então não haveria cavalo algum que com meu desejo emparelhe;
Portanto, o desejo, sendo confeccionado a partir do amor mais perfeito,
Vai relinchando (não sendo bobo) em sua feroz carreira;
Mas o amor, por amor, assim perdoará meu pangaré;
Já que de ti partindo voluntarioso ele se foi devagar,
Mas para ti eu correrei, e soltar-lhe-ei as rédeas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sonetos de William Shakespeare
PoetryOs Sonetos de Shakespeare perfazem um conjunto de 154 poemas publicados em 1609, embora as datas de composição sejam imprecisas. Eles tratam de assuntos como amor , beleza ,política e mortalidade.