Soneto CXV

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Essas linhas que acabei de escrever antes mentem;
Até mesmo aquelas afirmando que eu não podia te amar mais;
E contudo naquela época meu julgamento não conhecia razão por que
A minha muito plena paixão devesse mais tarde se consumir mais límpida.
Mas conhecendo o tempo, que com os seus milhões de acidentes
Se infiltra em nossas promessas e quebra a palavra de reis,
Obscurece a verdade sagrada e cega as intenções mais definidas,
Dobra mentes decididas até que quebrem seus propósitos;
Ai de mim! Por que então, temendo essa tirania do Tempo,
Não posso eu então dizer: “Agora te amo melhor”,
Quando eu estava certo contra a incerteza,
Coroando o presente, duvidando do resto?
O amor é um bebê; não posso então considerar,
Conferir pleno crescimento àquilo que ainda engatinha?

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