Soneto CIV

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Para mim, bela amiga, não podes envelhecer jamais,
Pois tal como eras quando primeiro te conheci,
Tal é ainda a tua beleza. O frio de três invernos
Sacudiu das florestas o orgulho de três verões;
Três lindas primaveras viraram outono amarelo
No processo das estações eu vi;
Três perfumes de Abril em três Junhos quentes se consumirem,
Desde que fresca te vi, que ainda és verde.
Ah! a beleza ainda, como um ponteiro de relógio,
Rouba de sua figura, e parece que se deteve;
Assim teu doce matiz, que me parece ser o mesmo,
Tem movimento, e é o meu olho que pode estar enganado.
Por medo disso, ouça tu que da idade és desconhecida,
Antes que tivesses nascido, morta estava a beleza de verão.

Sonetos de William ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora