Soneto CXXXII

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Teus olhos amo, e eles, como se tivessem piedade de mim,
Sabendo que teu coração me atormenta com desprezo,
Envergaram negro, e enlutados amantes são,
Fitando com uma alegre dó minha dor.
E verdadeiramente o sol matinal não é mais
Adequado às nuvens cinzas da aurora,
Nem aquela estrela plena que a noite anuncia
Dá metade daquela glória ao sombrio Ocidente,
Que esses dois lamentosos olhos combinam com teu rosto:
Ah, que então teu coração também
Lamente por mim, já que a lamentação te enche de graça,
E conforma com todas as partes a tua piedade.
Então, jurarei eu que a beleza mesma é negra,
E que erradas estão todas que a tua compleição não possuem.

Sonetos de William ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora