Soneto CL

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Ah, de que poder derivas essa força,
De balançar meu coração por insuficiência?
De me fazer mentir aquilo que tão corretamente vejo,
E de jurar que o próprio brilho do sol não enche de luz o dia?
De onde obtivestes essa influência de coisas ruins,
Que no próprio recusar de tuas ações
Existe uma tal força e testemunho de habilidade,
Que, em minha mente, o teu pior excede todo o melhor?
Quem te ensinou como fazer para que eu te amasse mais,
Quanto mais vejo e ouço causa justa para o ódio?
Ah, apesar de amar o que outros abominam,
Com os outros tu não deves abominar o meu estado;
Se a tua falta de valor despertou o amor em mim,
Mais digno eu, de ser de ti amado.

Sonetos de William ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora