Dia 4

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Estava com medo demais de sair de casa. Foi um sufoco desviar das vacas e voltar para a vila. Elas continuaram me seguindo com seus olhinhos, e eu tremendo de medo. Zumbi de um lado, vacas do outro.

Agora todo mundo tava me olhando estranho mais uma vez, e cochichavam pelos cantos quando eu passava, então me tranquei no meu quarto.

Meu pai me fiz um bolo naquele dia. Ele estava feliz por eu me esforçar tanto, mas por baixo de seus sorrisos, parecia apreensivo. Acho que tinha medo de eu ser uma grande falha no sistema. Um aldeão incapaz de qualquer profissão. Seria um Sem Nome. Um Ninguém. Estaria fadado a andar de um lado para o outro de cabeça baixa, sem nada a oferecer para minha vila, meus colegas ou viajantes que passassem por ali.

Comi o bolo todo de uma vez só, pensando nas coisas que meu pai e meu tio faziam e como queria ser como eles. Titio era minerador. Um grande minerador. Suas minas tinham trilhos por todos os lados, levando pra cima e pra baixo, de um lado para outro, por dentro e por fora. Tudo automatizado por pedras vermelhas. Era incrível. Quando era mais novo, ele me levava para passear nos carrinhos, que andavam super rápido.

Já papai, era um explorador. Agora ele ficava em casa comigo, mas antes de eu nascer, viajava por tudo, criando mapas da região e trazendo para casa tudo que não podíamos encontrar na planície e nas florestas em volta. Ele ainda fazia isso, mas em escala menor para não ficar longe de casa por muito tempo.

O que era bom, ou eu morreria de saudades.

O Diário de SteveOnde histórias criam vida. Descubra agora